Agência France-Presse
postado em 04/05/2019 18:15
O movimento dos "coletes amarelos" mobilizou menos de 19 mil pessoas neste sábado (4/5) na França, no 25; dia de protestos, o menor número desde o início da mobilização, em novembro.
Os manifestantes, que ocuparam ruas e locais públicos em cidades francesas todo fim de semana, em protesto contra a política social e fiscal do atual governo, foram perdendo força ao longo dos meses.
No 1; de maio, unidos à tradicional marcha sindical, conseguiram uma participação maciça, com cerca de 165 mil pessoas nas ruas de 200 cidades.
Mas, neste sábado foram apenas 18.900, segundo dados do ministério do Interior e 1.460 em Paris. Na cifra anterior, durante o 24; dia de protestos, marcharam em todo o país 23.600 pessoas.
Na capital francesa, a principal marcha, com centenas de pessoas, partiu no meio do dia perto do hospital Lariboisi;re, no norte da cidade, em direção à praça da Nação, mais a leste.
A Polícia estendeu sua ordem de proibição a manifestações na avenida Champs Elysées e em um perímetro que inclui a Assembleia Nacional e o Palácio do Eliseu e o setor da catedral de Norte Dame, parcialmente destruída por um incêndio em meados de abril.
Há enfraquecimento" do movimento
Em 1; de maio, os incidentes na capital foram limitados, graças a um maciço dispositivo policial.
Em 17 de novembro, quando começaram os protestos, a França assistiu, surpresa, a uma mobilização de rua multitudinária, com 282 mil pessoas.
Em seguida, ao longo dos meses, com episódios regulares de intensa violência, os "coletes amarelos" obrigaram a classe política a se posicionar e o próprio presidente Emmanuel Macron a pedir desculpas publicamente, a convocar debates públicos e propor uma bateria de medidas sociais e econômicas que ainda causa polêmica.
Em um artigo intitulado "Coletes amarelos: não somos ingênuos", publicado no sábado no jornal Libération, atrizes como Juliette Binoche e Emmanuelle Béart, juntamente com outras 1.400 personalidades da cultura, deram seu apoio ao movimento.
O protesto "reivindica coisas essenciais: uma democracia mais direta, maior justiça social e fiscal, medidas radicais ante o estado de emergência ecológico", denunciaram os signatários.
Embora a indignação não tenha diminuído, os manifestantes admitiram no sábado um certo cansaço.
"Há um enfraquecimento. Há 25 semanas paramos momentaneamente de viver para voltar a buscar no mínimo alguma dignidade", declarou José, auxiliar escolar de 61 anos, nas ruas de Bordeaux (sudoeste), um dos epicentros do movimento.
Embora a mobilização, que se baseia em convocações e discussões abertas na Internet, se declare apolítico, acabou entrando em cena: das 22 chapas validadas na sexta-feira para as eleições europeias, três reivindicam suas propostas.