Mundo

Ataques aéreos em Idlib, na Síria, matam 13 civis

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 150 mil pessoas tiveram que sair do local por conta dos bombardeios

Agência France-Presse
postado em 07/05/2019 13:18
Casas destruídas perto da cidade de Saraqeb, na província de Idlib, no noroeste da Síria Treze civis morreram nesta terça-feira (7/5), segundo uma ONG, em ataques aéreos do regime e de seu aliado russo contra o último reduto jihadista do noroeste da Síria, palco de uma escalada que fragiliza o acordo de cessar-fogo e tem levado seus habitantes ao êxodo.

Dominados por jihadistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ex-facção síria da Al-Qaeda, a província de Idleb e os territórios adjacentes insurgentes escapam ao controle de Bashar al-Assad, que conduz bombardeios na região desde fevereiro.

Mas os bombardeios dos últimos dias foram os mais violentos desde que Moscou e Ancara revelaram em setembro de 2018 um acordo sobre uma "zona desmilitarizada" para separar os territórios insurgentes das zonas do governo e garantir o cessar das hostilidades.

O presidente francês Emmanuel Macron expressou no Twitter nesta terça-feira sua "extrema preocupação" com a "escalada da violência" em Idlib. Antes dele, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, instou os beligerantes a protegerem os civis.

Os ataques desta terça visaram localidades em Idlib e em Hama, afirmou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Dezenas de veículos e caminhonetes transportando mulheres e crianças entre colchões e pilhas de pertences fugiram do sul de Idlib para o norte, relativamente poupado dos ataques, segundo um correspondente da AFP.

Fugindo de uma aldeia no sul da província de Idlib com sua esposa e três filhos, esta é a terceira vez que Abu Ahmed se vê desalojado pelo conflito. "Desta vez foi o mais aterrorizante. Os aviões não param, nem as granadas", disse o homem de quarenta anos.

"Ainda temos um longo caminho, não sabemos para onde estamos indo, mas queremos o fim dos bombardeios", ressaltou.

Mais de 150 mil pessoas foram deslocadas desde fevereiro na região, segundo a ONU.

No norte de Hama, os combates duraram a noite toda até que as forças do regime assumiram o controle de uma colina e de duas aldeias controladas por jihadistas, de acordo com o OSDH.

Pelo menos 24 combatentes pró-regime foram mortos nesses confrontos, assim como 29 jihadistas, incluindo membros da HTS e do Partido Islâmico do Turquestão, segundo o Observatório.

Desde 28 de abril, pelo menos sete hospitais ou centros médicos foram atingidos pelos bombardeios, tornando alguns deles inoperantes. Nove escolas também foram afetadas.

"A situação humanitária na Síria é crítica e nenhuma opção militar é aceitável", disse o presidente Macron no Twitter.

Idlib é a última grande fortaleza jihadista na Síria, após mais de oito anos de conflito devastador.

A esmagadora maioria de cerca de três milhões de pessoas vive graças à ajuda humanitária. Metade deles são deslocados internos que chegaram a Idlib depois de fugirem de outros redutos rebeldes recuperados pelo regime.

Aron Lund, especialista do think tank The Century Foundation, não exclui "uma ofensiva limitada em Idlib com o objetivo de enfraquecer a HRT" ou obter "concessões específicas".

Um cenário mais plausível, uma vez que duas importantes estradas cruzam Idlib.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação