Agência France-Presse
postado em 08/05/2019 17:35
Uma missão da China pretende "fechar um acordo" nesta semana em Washington, afirmou o presidente Donald Trump nesta quarta-feira (8), quando o fim da guerra comercial entre ambas potências parece estar por um fio.
As pressões não param, um dia antes de as duas partes iniciarem o que agora espera-se que seja a reta final das negociações, após 10 meses de disputa tarifária. Empresas e produtores americanos, mercados de ações mundiais e a economia global acompanham de perto.
Trump pressiona Pequim com a ameaça de elevar a partir de sexta as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses. E a China não hesitará em retaliar, alertou nesta quarta seu Ministério do Comércio.
A intensificação do conflito "não é do interesse dos povos", disse o porta-voz da pasta chinesa.
"Se as medidas tarifárias dos Estados Unidos forem aplicadas, a China não terá outra opção que não aplicar contra-medidas", acrescentou.
Na segunda-feira, autoridades americanas encerraram uma trégua de seis meses, acusando Pequim de voltar atrás em questões já acordadas nas 10 rodadas de negociações anteriores. E na quarta-feira Trump deu a entender que se sente tão à vontade com um acordo quanto com a manutenção de tarifas.
"Vamos ver o que acontece, mas estou feliz com os mais de 100 bilhões de dólares que encherão os cofres dos Estados Unidos ... É muito bom para os Estados Unidos; não é bom para a China", afirmou.
O representante comercial americano (USTR), Robert Lighthizer, divulgou uma nota oficial anunciando a partir da meia-noite local de sexta-feira o aumento a 25% das tarifas sobre uma ampla gama de produtos chineses, incluindo equipamentos elétricos, autopeças, máquinas e móveis.
Desde que Trump começou a tuitar ameaças à China no sábado, os mercados caíram na segunda-feira e na terça-feira.
Mudanças profundas
As maiores potências econômicas do mundo aplicaram reciprocamente tarifas sobre 360 bilhões de dólares em produtos, ao todo. Isso causou sérios danos à produção de soja dos EUA, que tem a China como o maior consumidor, mas também afeta o setor industrial dos dois países.
No entanto, com os Estados Unidos crescendo de forma constante, os funcionários de Washington acreditam que eles estão em uma posição melhor do que a China para enfrentar as dificuldades de uma guerra comercial.
O instituto privado ISM disse na quarta-feira que as tarifas são um "vento contra" para a economia americano, mas também indicou que as perspectivas deste ano para os setores de serviços e indústria permanecem positivas.
Anthony Nieves, do ISM, disse à imprensa que as tarifas estão impactando "muito mais" a China que os Estados Unidos. "Eles estão sob muita pressão", afirmou.
Trump tuitou nesta quarta-feira que as autoridades chinesas esperavam, erroneamente, deixar as negociações no ar até lidar com um presidente democrata "muito fraco" e "consequentemente continuar a roubar os Estados Unidos (...) nos próximos anos".
Ao contrário do que sustentam economistas, e até membros de seu Partido Republicano, Trump reiterou que são adversários como a China, e não os importadores ou consumidores americanos, que acabarão pagando por essas tarifas.
Washington exige que a China acabe com práticas comerciais que considera desleais, que respeite as leis de mercado e que dê fim ao "roubo" da tecnologia americana.