Agência Estado
postado em 13/05/2019 08:45
A ameaça é leve, fácil de usar e eficiente - qualquer veículo aéreo que se desloque pelo espaço na distância entre 500 metros e 5,2 km, na altitude entre 10 metros e 3,5 mil metros, corre o risco de ser abatido bem depressa pelo míssil russo SA-24, o Igla-S, carregado com uma ogiva de 1,2 quilo de alto explosivo. A arma é portátil, para ser disparada por um homem só.
A Venezuela comprou 5 mil unidades desde 2010 e o país é de longe o maior usuário da América Latina. Agora, na hora da crise do regime de Nicolás Maduro, ameaçado por uma intervenção militar internacional, ele está repassando um número desconhecido de conjuntos de disparadores e de "agulhas" - como são chamados os mísseis finos e longos - para guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), da Colômbia, que se refugiam desde 2017 em 12 dos 23 Estados venezuelanos. A informação circula entre os serviços de inteligência de Brasil e EUA, a partir de fontes colombianas.
Autoridades da Defesa do regime de Maduro contestam a informação. Um dos líderes guerrilheiros, Israel Ramírez, disse, em vídeo gravado em Havana, que não há cooperação entre chavismo e ELN. Mas não é o que sustenta o general Luis Navarro, comandante colombiano, segundo o qual os rebeldes, "ou certo número deles", receberam instrução de combate para uso do Igla-S.
A negativa da Venezuela é interpretada pelo analista Pedro Scarpa, ex-pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da Universidade Militar Bolivariana, como "um artifício para justificar um ataque contra uma aeronave estrangeira. Se lançado pelo ELN, descaracterizaria o envolvimento da tropa regular venezuelana - e permitiria criar dúvida quanto à obtenção, por um desvio de estoque".
O conceito do míssil foi apresentado na Rússia em 1972, entrou em produção em 1981 e é adotado, em três versões, por cerca de 30 países - o Brasil, entre eles. Desenhado para ser apoiado no ombro, o sistema pesa pouco mais de 17 quilos.
Um visor digital lateral e mais dois sensores acoplados fazem a localização do alvo em aproximação. Sinais claros de cor, vibração e barras indicam a sequência para o disparo e, quase como em um videogame, a exatidão do enquadramento. É o suficiente. O preço varia segundo dispositivos opcionais, mas pode custar entre US$ 60 mil e US$ 90 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.