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Pompeo assegura que Trump quer se reconciliar com a Rússia

Tensão entre os dois líderes aumentaram desde os últimos acontecimentos na Venezuela

Agência France-Presse
postado em 14/05/2019 13:23

Tensão entre os dois líderes aumentaram desde os últimos acontecimentos na Venezuela O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou nesta terça-feira (14/5), na Rússia, que o presidente Donald Trump está determinado a melhorar as tensas relações entre as duas potências.

[SAIBAMAIS]


As questões de discórdia vão da situação na Venezuela até os tratados de desarmamento, aos quais se somam as tensões dos últimos dias em torno do Irã que aumentam o temor de uma escalada militar na região.

Antes de se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, ainda nesta terça, Pompeo foi recebido logo após sua chegada em Sochi, um resort à beira-mar na costa do Mar Negro, por seu colega russo Sergei Lavrov.

"Estou aqui porque o presidente Trump está determinado a melhorar esse relacionamento", declarou Pompeo.

"Temos diferenças [...], mas não precisamos ser adversários em todas as questões", acrescentou, na esperança de "estabilizar as relações e retornar a um caminho que não seja bom apenas para os dois países, mas também para o mundo".

"Acho que é hora de começar a construir um modelo novo, mais responsável e construtivo", disse Lavrov, por sua vez, pedindo "propostas concretas para tirar as relações russo-americanas de um triste estado".

Pressão máxima

Pompeo se tornará a maior autoridade dos EUA a se encontrar com Putin desde a cúpula de julho em Helsinque, entre o presidente russo e Trump.

A Casa Branca espera que o fim da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre uma suposta interferência russa a favor de Trump nas eleições americana permita superar o atual estado glacial das relações entre os países.

Há quase dois meses, o procurador apresentou o relatório que afirma que em 2016 aconteceu uma interferência russa na eleição presidencial americana, mas não um conivência entre a equipe do então candidato Trump e Moscou.

A investigação marcou a primeira metade do mandato de Donald Trump. No início do mês, o presidente americano afirmou que teve uma conversa telefônica "muito positiva", de mais de uma hora, com Vladimir Putin.

Trump, em geral disposto a desafiar Putin, afirmou que este último assegurou que Moscou não está envolvido na Venezuela, ao contrário do que afirmam Pompeo e outros funcionários da administração americana, que pediram a Rússia que deixe de apoiar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

A visita de Pompeo coincide com as acusações dos EUA de que o Irã prepara "ataques" contra seus interesses no Oriente Médio.

Os Estados Unidos posicionaram um porta-aviões, um navio de guerra, bem como bombardeiros B-52 e uma bateria de mísseis Patriot na região.

"Uma política de máxima pressão [...] nunca dá resultados", alertou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, nesta terça-feira.

"Isso não encoraja um país a ser conciliador", acrescentou.

A Rússia, como os países europeus, é a favor de manter o acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, do qual os Estados Unidos se retiraram.

O Irã decidiu, por sua vez, suspender parte dos compromissos desse acordo.

Pompeo se encontrou na segunda-feira com vários líderes europeus, que alertaram sobre o risco de um conflito "por acidente".

O medo de uma escalada no Golfo aumentou com atos de sabotagem, dos quais os detalhes são desconhecidos, contra três petroleiros e um cargueiro neste final de semana na costa dos Emirados Árabes Unidos.

Armas hipersônicas

Nas últimas semanas, a tensão também aumentou devido à situação na Venezuela, onde ambas as potências acusam umas às outras de interferência.

A Rússia continua sendo uma aliada do presidente Nicolás Maduro, a quem ele entrega armas, enquanto os Estados Unidos apóiam o líder da oposição Juan Guaidó.

O desarmamento é outro motivo de atrito.

Recentemente, os Estados Unidos e a Rússia decidiram abandonar um tratado da época da Guerra Fria que proibia mísseis terra-terra de tamanho entre 500 e 5.500 quilômetros.

A Rússia e os Estados Unidos estão negociando o próximo tratado de controle de armas nucleares Start, porque o atual termina em 2021 e Trump quer incluir a China.

O presidente russo, que constantemente elogia as novas capacidades de seu exército, visitará nesta terça, antes de receber Pompeo, o maior centro de testes nucleares da aviação russa, para participar, segundo o Kremlin, em uma demonstração de "armas promissoras".

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