postado em 21/05/2019 04:28
No primeiro dia como presidente da Ucrânia, o ex-comediante Volodymyr Zelensky anunciou ontem a decisão de dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas. A medida se destina a buscar nas urnas uma maioria clara em favor do seu governo, para um mandato que terá como prioridade acalmar o conflito com os separatistas pró-russos do leste do país, que enfrentam o governo central há cinco anos.
;Dissolvo o parlamento;, afirmou Zelensky diante dos deputados e das delegações internacionais reunidas na sede do Legislativo para a cerimônia de posse, apesar das dúvidas jurídicas sobre seus poderes no processo de convocação de eleições antecipadas. O primeiro-ministro Volodymyr Groisman, em seguida, anunciou a própria renúncia. ;Decidi renunciar logo depois da reunião do Conselho de Ministros, na quarta-feira;, disse o chefe do governo à imprensa.
Antes de anunciar a reviravolta política, o novo presidente anunciou sua prioridade como chefe de Estado. ;Nossa primeira tarefa é conseguir um cessar-fogo no Donbas;, afirmou, em referência à região do leste do país controlada pelos separatistas pró-Rússia. Zelensky já havia interpretado o papel de presidente na série cômica de tevê Servidor do povo. Na produção, ele encarnava um professor de história eleito inesperadamente como chefe de Estado.
Agora, um mês depois da grande vitória nas urnas sobre o antecessor, Petro Poroshenko, que tentava a reeleição, o comediante de 41 anos tornou-se o presidente mais jovem da Ucrânia na era pós-soviética. Seu discurso de posse foi acompanhado de perto por políticos, pela população e pelos governos vizinhos, em busca de pistas sobre seus planos para o mandato. Nenhuma posição mais clara ou um programa de governo foram divulgados durante uma campanha dominada pela desilusão pública com o establishment político, na qual o vencedor prometeu ;romper o sistema;.
Há alguns meses, a ideia de Zelensky ser eleito e tomar posse como presidente da Ucrânia parecia impossível. Quando o ator e comediante anunciou a candidatura, em 31 de dezembro, poucos levaram a empreitada a sério. Mas, ao fim de uma campanha sem precedentes, baseada em grande parte nas redes sociais, ele recebeu mais de 73% dos votos no segundo turno, em 21 de abril, e derrotou Poroshenko.
O antecessor foi eleito, cinco anos atrás, no embalo de uma onda de apoio público após uma revolta popular pró-Ocidente, em dezembro de 2013. A rebelião derrubou o presidente pró-russo Viktor Yanukovich e levou a Ucrânia a viver dias excepcionalmente difíceis. Meses depois, em março de 2014, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a anexação da península da Crimeia. Na sequência, eclodiu a insurreição separatista no leste do país e teve início a guerra civil, que deixou ao menos 13 mil mortos.
Poroshenko evitou o colapso total do país e iniciou uma série de reformas cruciais, mas foi amplamente criticado por não melhorar o nível de vida dos ucranianos nem lutar de modo eficaz contra a corrupção generalizada. Na campanha eleitoral deste ano, Zelensky prometeu manter o país no rumo pró-Ocidente, mas seus críticos questionam como enfrentará os grandes desafios do conflito separatista e os problemas econômicos.
Eleito quase como franco-atirador, o novo presidente não tem maioria no atual parlamento. A definição de uma data para a posse exigiu semanas de negociações, e Zelensky, exasperado, chegou a chamar os parlamentares de ;ladrões;.
;O país precisa de mudanças e reformas fundamentais;, afirmou a equipe do presidente, na sexta-feira, em meio aos preparativos finais para a transição de governo. ;Essa é a demanda do povo ucraniano. E, para isso, precisamos de um parlamento que funcione;, diz o pronunciamento aprovado pelo gabinete. Zelinsky terá de lidar imediatamente com uma série de temas internacionais delicados, o que representará um dos seus principais desafios nos próximos anos.
"O país precisa de mudanças e reformas fundamentais. Essa é a demanda do povo ucraniano;
Comunicado da equipe de governo do novo presidente ucraniano
Intruso na torre
A captura de um homem que escalou a estrutura da Torre Eiffel, um dos ícones de Paris e uma das atrações turísticas mais visitadas do mundo, frustrou centenas de pessoas que aguardavam ontem para subir os 324m do monumento. O intruso, cuja identidade não foi prontamente revelada, ficou agarrado por mais de seis horas às vigas de metal que sustentam a torre, forçando as equipes de emergência a ordenar a retirada dos visitantes ; inclusive dos que aguardavam em fila para entrar, na área do Campo de Marte. Bombeiros interceptaram o alpinista descendo de rapel a partir do terceiro andar da estrutura, e a polícia não soube informar, de início, qual foi a motivação da escalada. A Torre Eiffel, que recebeu mais de 7 milhões de visitantes no ano passado, será reaberta ao público hoje.