postado em 21/05/2019 04:29
Uma semana depois de reabrir as investigações por suposto estupro de uma jovem, o Ministério Público (MP) da Suécia apresentou ontem uma solicitação formal de prisão contra Julian Assange, já detido no Reino Unido, para que o fundador do WikiLeaks responda no país pelo crime, cometido em Estocolmo em 2010. O pedido foi formalizado pela vice-procuradora sueca Eva Marie Persson, com o objetivo de futuramente conseguir a extradição de Assange. Após passar sete anos na Embaixada do Equador em Londres, ele foi detido em 11 de abril e está num presídio nos arredores da capital inglesa.
;Solicito ao tribunal a detenção de Assange em sua ausência por suspeitas de estupro;, detalhou Persson no requerimento. Deter alguém em ausência é um mecanismo do sistema legal sueco se o suspeito está fora do país ou não pode ser localizado. O MP informou que prepara o pedido com o tribunal provincial de Uppsala. ;Se a Corte decidir por sua detenção, emitirei uma ordem de prisão europeia;, afirmou a vice-procuradora.
O hacker australiano se refugiou na embaixada equatoriana, em 2012, justamente para evitar sua extradição à Suécia. Só foi capturado porque as autoridades retiraram o apoio a ele. No início do mês, um tribunal de Londres condenou Assange a uma pena de 50 semanas de prisão por violar as condições de sua liberdade condicional.
A investigação da Justiça sueca está relacionada a um suposto caso de abuso sexual ocorrido entre Assange e uma jovem que ele conheceu durante uma conferência em Estocolmo. Ela o acusa de violência sexual e de obrigá-la a manter relações sem preservativo. Assange sempre negou a acusação de estupro, afirmando que o sexo foi consentido.
As autoridades suecas arquivaram a investigação do caso em 2017, depois que a promotora Marianne Ny admitiu que não era possível avançar no trabalho pelo fato de Assange ter se refugiado na Embaixada do Equador, o que impedia o acesso a ele. Após a detenção do fundador do WikiLeaks, o caso foi reaberto.
Destino incerto
Assange também é alvo de um pedido de extradição dos Estados Unidos, onde é investigado por conspiração para cometer invasão cibernética. Uma investigação que só foi revelada após a prisão do australiano, de 47 anos. Persson afirmou que o Reino Unido determinará para qual país Assange deve ser extraditado. ;As autoridades britânicas decidirão qual é sua prioridade. O resultado do processo é impossível de prever;, disse.
Também ontem, a pedido dos EUA, as autoridades equatorianas identificaram e apreenderam os pertences de Assange, em meio a protesto de simpatizantes. Documentos, computadores e telefones serão entregues aos investigadores norte-americanos.