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EUA anunciam mais 17 denúncias contra Assange

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 24/05/2019 04:28
Julian Assange é acusado de divulgar 750 mil documentos confidenciais


A situação do hacker australiano Julian Assange se complicou ontem. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou 17 novas denúncias contra o fundador do site WikiLeaks, principalmente relacionadas a leis contra a espionagem. Washington responsabiliza Assange por ter colocado em risco algumas de fontes com a publicação, em 2010, de 750 mil documentos de cunhos militar e diplomático.

Os EUA também acusam Assange de ;conspirar; com a ex-analista de informática americana Chelsea Manning, condenada em 2013 por vazar milhares de documentos. De acordo com o comunicado da Justiça, Assange é suspeito de ;ajudar a obter informação confidencial ciente de que poderia ser utilizada em detrimento dos Estados Unidos e em benefício de uma nação estrangeira;. Em 2017, Manning teve a sentença de 35 anos comutada pelo então presidente Barack Obama.

O novo indiciamento sustenta que Assange, após começar a compartilhar o material, encorajou Manning a ;continuar o roubo de documentos secretos e concordou em ajudá-la a invadir uma senha de um computador militar;. ;Assange revelou os nomes de fontes humanas e criou um grave e iminente risco à vida humana;, afirma o documento, ao citar as identidades de cidadãos do Afeganistão, do Iraque, da China e do Irã.

A Austrália e seus aliados afirmam que Assange não pode ser perseguido por publicar tais documentos, com base no princípio de liberdade de imprensa. ;O departamento leva a sério o papel dos jornalistas em nossa democracia, mas Julian Assange não é um jornalista;, declarou o vice-secretário de Justiça, John Demers. ;O Departamento de Justiça acaba de declarar guerra ; não ao WikiLeaks, mas ao jornalismo. Isso não é mais sobre Julian Assange. O caso decidirá o futuro da imprensa;, reagiu o ex-consultor de inteligência da Agência Nacional de Segurança (NSA) Edward Snowden, que expôs os programas americanos de espionagem cibernética. Por sua vez, o WikiLeaks chamou o desdobramento do caso de ;loucura;. ;É o fim do jornalismo de segurança nacional e da Primeira Emenda;, afirmou, nas redes sociais, em alusão ao trecho da Constituição dos Estados Unidos que consagra o direito à liberdade de imprensa.

Preso no Reino Unido, Assange foi detido em 11 de abril na Embaixada do Equador em Londres. Ele se refugiava havia sete anos na representação diplomática, depois de um pedido de extradição dos Estados Unidos. As novas denúncias podem acarretar em sentenças de 10 anos de prisão, cada uma, contabilizando 170 anos de reclusão. A Suécia também reabriu o caso contra Assange por estupro.


;Talibã; americano
ganha a liberdade


John Walker Lindh, 38 anos, conhecido como o ;talibã americano;, capturado enquanto lutava com os insurgentes islamistas em novembro de 2001, foi solto ontem, depois de 17 anos de prisão. A Agência Federal de Prisões confirmou que Lindh deixou o presídio federal de segurança máxima em Terre Haute, em Indiana, no começo da manhã. Ele ficará na Virgínia sob rígidos termos de liberdade condicional que limitam sua capacidade de entrar em contato com outros islamistas, por quaisquer meios, informou seu advogado Bill Cummings. Conhecido como ;preso 001; durante a guerra contra o terrorismo travada por Washington, a libertação de Lindh reacende memórias dos ataques de 11 de setembro em Nova York, após o qual ele se tornou para muitos um dos rostos da ameaça extremista no país.

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