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Leonardo da Vinci pode ter tido TDAH, dizem britânicos

Correio Braziliense
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postado em 24/05/2019 04:28
Autorretrato do pintor: transtorno explicaria procrastinação crônica
Admirado por ter produzido algumas das obras de arte mais icônicas do mundo, Leonardo da Vinci sofreu para concluir muitos de seus trabalhos. Pesquisadores ingleses defendem, em um estudo publicado na revista especializada Brain, que a melhor explicação para a incapacidade sofrida por um dos artistas mais admirados da história seria a ocorrência do transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Quinhentos anos depois da morte do artista, pesquisadores ingleses expõem, na investigação, evidências de que, segundo eles, sustentam a hipótese, construída por meio de relatos históricos das práticas de trabalho e do comportamento de Leonardo da Vinci. De acordo com os cientistas, além de explicar sua procrastinação crônica, o TDAH pode ter sido um fator de peso na extraordinária criatividade e nas realizações de Leonardo no campo das artes e nas ciências.

;Embora seja impossível fazer um diagnóstico post-mortem para alguém que viveu há 500 anos, estou confiante de que o TDAH é a hipótese mais convincente e cientificamente plausível para explicar a dificuldade de Leonardo em terminar suas obras. Registros históricos mostram que ele gastou muito tempo planejando vários trabalhos, mas não tinha perseverança. O TDAH poderia explicar aspectos do temperamento de Leonardo e seu estranho gênio mercurial;, defende, em comunicado à imprensa, Marco Catani, pesquisador do King;s College London e um dos autores da pesquisa.

Desde a infância

As dificuldades de Leonardo em aderir às tarefas ocorriam desde quando era criança. Relatos de biógrafos e contemporâneos mostram que o artista estava constantemente em movimento, muitas vezes saltando de tarefa em tarefa. Segundo os pesquisadores, como muitos dos pacientes com TDAH, ele dormia pouco e trabalhava continuamente noite e dia, com rápidos cochilos curtos.

O TDAH é um distúrbio comportamental caracterizado pela procrastinação contínua, a incapacidade de completar tarefas, a perambulação mental e a inquietação do corpo e da mente. ;É incrível que Leonardo se considerasse alguém que falhou na vida. Espero que o caso dele mostre que o TDAH não está ligado ao baixo QI (quociente de inteligência) ou à falta de criatividade, mas sim à dificuldade de capitalizar talentos naturais. Espero que o legado de Leonardo possa nos ajudar a mudar um pouco do estigma relacionado a esse distúrbio;, frisa Marco Catani.

Embora mais comumente reconhecido na infância, o TDAH é cada vez mais diagnosticado entre adultos O aumento de casos de TDAH, porém, tem suscitado um debate sobre um possível excesso no diagnóstico de transtornos e o consequente exagero na prescrição de medicamentos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos, de 2000 a 2008, a venda de caixas de metilfenidato, substância mais usada contra o transtornopulou de 71 mil para 1.147.000, um aumento de 1.615%.

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