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Filme brasileiro Bacurau leva prêmio em Cannes

Correio Braziliense
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postado em 26/05/2019 04:07


O filme Bacurau, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, recebeu ontem o prêmio do júri do Festival de Cannes, junto com o francês Les Misérables. É a primeira vez que uma produção brasileira ganha essa categoria, a terceira mais importante da competição oficial. Na sexta-feira, o país também foi destaque ao conquistar a principal premiação na mostra Um Certo Olhar com o longa-metragem A vida invisível de Eurídice Gusmão, do diretor Karim A;nouz.

;Trabalhamos para a cultura no Brasil, e o que precisamos é de seu apoio;, disse Kleber Mendonça Filho, ao receber o prêmio. ;Dedico esse prêmio a todos os trabalhadores do Brasil da ciência, da educação e da cultura;, completou Juliano Dornelles. É a primeira vez que a dupla divide a diretoria e a direção de um longa. Kleber Mendonça Filho competiu pela Palma de Ouro em 2016 com o filme Aquarius.

Visto como uma mensagem de resistência ao atual governo brasileiro, Bacurau narra a história de um pequeno povoado sertanejo que sofre com a morte de Dona Carmelita, uma mulher querida na região. Dias depois, os moradores percebem que a comunidade não está mais nos mapas. Como os celulares deixam de funcionar, as pessoas ficam isoladas, indefesas diante de um grupo de assassinos americanos. A comunidade, porém, se organiza para resistir. O longa que tem Sônia Braga no elenco, foi gravado no Sertão do Seridó, divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba.

Carregado de cenas fortes e com uma estética inspirada nos faroestes dos anos de 1970, o filme também é considerado um tributo às comunidades rurais brasileiras. A diferença em relação aos faroestes tradicionais é que os índios eram filmados de longe, só dava para ouvi-los gritar. Em Bacurau, os índios são os loiros de olhos azuis, mas nós nos aproximamos deles e fazemos que falem;, explicou Dornelles à agência France-Presse de notícias há alguns dias da cerimônia.

Contra o machismo

O filme premiado de Karim A;nouz trata da separação forçada entre duas irmãs extremamente cúmplices, em um roteiro que rechaça o machismo. Na premiação principal de Cannes, o júri presidido pelo diretor mexicano Alejandro González Iñárritu distribuiu sete prêmios. O mais importante é a Palma de Ouro, que, neste ano, foi destinado ao coreano Parasite, do sul-coreano Bong Joon-ho.

Favorito da competição, o sul-coreano tirou o maior prêmio do festival do consagrado diretor espanhol Pedro Almodóvar, que disputou a Palma de Ouro pela sexta vez. O Brasil já foi indicado ao maior prêmio de Cannes 37 vezes, mas a única obra brasileira que levou o grande prêmio foi O pagador de promessas, de Anselmo Duarte, em 1962.

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