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Relator da ONU sai em defesa de Assange

postado em 01/06/2019 04:05
O fundador do WikiLeaks: especialista é contrário à extradição
Em comunicado divulgado ontem, Nils Melzer, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a tortura, fez um alerta sobre a saúde de Julian Assange. Segundo Melzer, especialista independente e professor de direito internacional, o fundador do WikiLeaks apresenta ;todos os sintomas de tortura psicológica;, a qual esteve exposto nos últimos anos. Acompanhado de médicos, ele visitou Assange na prisão, em Londres.

;A perseguição coletiva a Julian Assange deve terminar agora;, exigiu o especialista. Segundo o relator da ONU, desde que o WikiLeaks divulgou documentos sobre as Forças Armadas dos Estados Unidos, em 2010, o hacker australiano vem sendo alvo de uma campanha ; implacável e sem contenção;. ;Não apenas nos Estados Unidos, mas também no Reino Unido, na Suécia e, mais recentemente, no Equador;, criticou, que se declarou contra a extradição de Assange pedida pelo governo de Donald Trump.

Nils Melzer, que se manifestou apenas em seu nome, visitou o australiano em 9 de maio, quase um mês depois de ele ser preso pela polícia britânica na Embaixada do Equador em Londres, onde passou quase sete anos refugiado. O representante das Nações Unidas estava acompanhado de dois médicos especializados em examinar vítimas de tortura. Após um ;exame médico profundo;, Melzer considerou ;evidente que a saúde de Assange foi gravemente afetada pelo entorno hostil a que permaneceu exposto durante vários anos;.

Traumas
;Além das doenças físicas, Assange apresenta todos os sintomas típicos de uma exposição prolongada à tortura psicológica, uma ansiedade crônica e traumas psicológicos intensos;, destacou Melzer, para quem as ;provas são contundentes e claras;. O australiano tem contra si um pedido de extradição do governo norte-americano para responder por espionagem. Também a Suécia quer que o hacker vá para o país responder a denúncias de um suposto estupro praticado em 2010, que ele nega.
;Julian Assange foi exposto, de forma deliberada, durante vários anos, a formas graves de penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, cujos efeitos acumulativos só podem ser descritos como tortura psicológica;, acrescentou o especialista.

O fundador do WikiLeaks se refugiou na embaixada equatoriana em parte para escapar da Justiça dos EUA, após a publicação de meio milhão de documentos confidenciais sobre as atividades do Exército americano no Iraque e Afeganistão e de 250 telegramas do Departamento de Estado.

No início do mês passado, ele foi condenado a 50 semanas de prisão por um tribunal britânico por ter violado os termos de sua liberdade condicional. Na semana passada, a Justiça americana anunciou 17 acusações adicionais contra Assange.

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