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Intriga cerca o impasse nuclear

Jornal sul-coreano afirma que o enviado de Kim Jong-un para negociações nucleares com os Estados Unidos teria sido fuzilado, acusado de trair o regime

postado em 01/06/2019 04:06
Kim Hyok-chol, enviado do líder comunista, chega a Hanói para a reunião de cúpula: desde então, fora de cena
O fracassado encontro de cúpula de fevereiro entre o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter terminado ainda pior para o enviado especial do regime comunista para negociações sobre o programa nuclear, Kim Hyok-chol. De acordo com o jornal sul-coreano Chosun Ilbo, ele teria sido fuzilado no retorno ao país, com outros altos funcionários da chancelaria, que não foram identificados pela reportagem ; todos acusados de ;traição; ao líder e de terem ;espionado para os EUA;. A reportagem não teve confirmação independente nem menciona suas fontes, mas repercutiu na imprensa internacional e foi considerada ;plausível;, já que os mencionados não são vistos em público desde então, embora notícias semelhantes envolvendo expurgos em Pyongyang tenham se revelado incorretas.

;Kim Hyok-chol foi executado em março no Aeroporto de Mirim, na capital norte-coreana, ao lado de quatro altos funcionários do ministério das Relações Exteriores, após uma investigação;, diz o Chosun. O jornal acrescenta que Kim Yong-chol, tido como ;braço direito; do líder e enviado a Washington no início do ano para articular o encontro de cúpula de fevereiro, no Vietnã, teria sido enviado a um ;campo de trabalho e reeducação; na fronteira com a China. O mesmo destino teria cabido à tradutora que acompanhou Kim Jong-un em Hanói, Shin Hye-yong. De acordo com a publicação sul-coreana, ela teria deixado de traduzir a nova proposta de Kim no momento em que Trump declarou que não havia acordo e abandonou a reunião na capital vietnamita.

O ministério sul-coreano para a Unificação, responsável pela relação com Pyongyang, negou-se a comentar a notícia do Chosun Ilbo, mas ela parece condizente com uma informação divulgada em abril pela Comissão de Inteligência do parlamento de Seul. De acordo com esse relato, Kim Yong-chol teria sido punido pela atuação envolvendo o encontro de Hanói, mesmo tendo sido nomeado pouco antes para a Comissão de Assuntos Estatais, um dos principais órgãos do regime, chefiado pelo lider supremo. A reportagem sobre a suposta execução se segue a uma nota publicada pelo jornal oficial do Partido Comunista norte-coreano, o Rodong Sinmun, advertindo ;traidores; e ;vira-casacas; que tenham cometido ;atos hostis; enfrentariam ;o julgamento severo da revolução;.

Kim Hyok-chol exerceu nas negociações nucleares com Washington posição considerada semelhante a do emissário especial do presidente americano para o tema, Stephen Byegun. A cúpula de Hanói foi organizada menos de um ano depois do primeiro encontro da história entre líderes dos dois países, em junho de 2018, em Cingapura. Na ocasião, Kim Jong-un e Donald Trump concordaram sobre a ;desnuclearização completa; da Península Coreana, embora sem determinar prazos nem mecanismos concretos de verificação. Em troca, também sem fixação de tempo para isso, os EUA levantariam as duras sanções econômicas impostas ao regime comunista.

O fracasso da segunda cúpula foi atribuído, em grande parte, a determinação de Trump em manter as represálias, cujo alívio é objetivo priotitário de Kim. Desde então, a Coreia do Norte fez dois testes de mísseis de curto alcance para sinalizar o descontentamento.


"Traidores e vira-casacas que tenham cometido atos hostis ao partido enfrentarão o julgamento severo da nossa revolução;
Editorial do jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun

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