postado em 03/06/2019 04:05
Uma semana depois de ver seu partido colher o pior resultado da história, nas eleições para o Parlamento Europeu, a chanceler (chefe de governo) da Alemanha, Angela Merkel, se vê às voltas com uma crise de liderança no parceiro de coalizão, o Partido Social Democrata (SPD), que se saiu ainda pior. Sob uma tempestade de críticas internas, em especial da ala esquerda, a líder da legenda e da bancada no Bundestag (parlamento), Andrea Nahles, renunciou ontem. A saída do SPD da coalizão tornaria praticamente impossível para Merkel negociar outra maioria parlamentar e poderia resultar em eleições antecipadas, no momento em que as duas principais forças políticas perdem terreno, em especial para os Verdes.
;As discussões dentro da bancada parlamentar e as muitas reações internas do partido mostraram que não conto mais com o apoio necessário para exercer minhas funções;, disse a líder demissionária, em comunicado. Ela deve deixar hoje o comando do SPD e formalizar amanhã o desligamento da liderança social-democrata no Bundestag. ;Quero dizer, em nome do governo, que continuaremos com nosso trabalho, com toda a seriedade e com grande responsabilidade;, respondeu Merkel, que tem mandato até 2021 e antecipou a decisão de não disputar a próxima eleição.
A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler, manteve na eleição europeia a posição de maior partido do país, mas ficou abaixo do patamar de 30% dos votos pela primeira vez desde a fundação, no pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O SPD, que vinha de maus resultados em pleitos nacionais e regionais, despencou para 16% e perdeu a segunda posição para os Verdes. Pior para ambos, os ecologistas apareceram ontem, em pesquisa de opinião semanal, pela primeira vez como o partido com maior apoio dos eleitores. Com 27% das preferências, deixaram para trás tanto os democratas-cristãos (26%) quanto os social-democratas (12%).