postado em 03/06/2019 04:05
Às vésperas de se completarem 30 anos do massacre do movimento pela democracia na Praça da Paz Celestial, em Pequim, o regime comunista da China defendeu ontem a sangrenta repressão aos protestos de estudantes e trabalhadores, que deixaram centenas de mortos ; um saldo que o governo coloca na casa das dezenas de mortos, mas ativistas dos direitos humanos sustentam que podem estar no patamar de milhares.
;Esse incidente foi uma turbulência política, e o governo central adotou medidas para deter as turbulências, o que é uma política adequada;, afirmou o general Wei Fenghe durante um fórum regional de segurança em Cingapura. Em discurso para ministros da Defesa, militares de alta patente e especialistas, o oficial questionou por que o mundo sempre diz que a China ;não administrou o episódio de maneira correta;.
O general Wei insistiu em que a China ;goza de estabilidade e desenvolvimento;, entre outras coisas, graças à ;ação decidida; adotada em 1989 para debelar os protestos em Pequim. ;Esses 30 anos demonstraram que o país viveu grandes mudanças;, afirmou.
No começo de junho de 1989, a Praça Tiananmen (Paz Celestial) foi o epicentro de inéditas manifestações de estudantes e trabalhadores a favor da democracia e pelo fim da corrupção. No amanhecer de 4 de junho, a tropa avançou contra os manifestantes, apoiada por tanques. O total de vítimas é desconhecido até hoje, mas organizações humanitárias mencionam um total da ordem de 3 mil.
;Decisão correta;
O tempo decorrido não impede que os acontecimentos continuem sendo um tabu na história oficial da China. Nas raras vezes em que autoridades mencionam o período, especialmente diante de estrangeiros, justificam a supressão do movimento pela democracia como uma ;decisão correta;.
;Esse incidente foi uma turbulência política, e o governo central adotou medidas para deter as turbulências, o que é uma política correta;, afirmou o general Wei Fenghe durante o fórum regional de Segurança Diálogo de Shangri-La, em Cingapura. Em um discurso para ministros da Defesa, militares de alta patente e especialistas, o general chinês questionou por que o mundo sempre diz que a China ;não administrou o incidente de forma correta;.
;Os 30 anos passados desde então demonstram que a China viveu grandes mudanças;, afirmou, antes de acrescentar que, graças à ação do governo, seu país ;goza de estabilidade e desenvolvimento;. Atualmente, graças à ;Grande Muralha digital; e aos censores do partido, qualquer referência à repressão desapareceu da internet na China.
O general Wei fez seus comentários um dia depois de seu equivalente americano, Patrick Shanahan, pedir à China que ;deixe de minar a soberania; de países vizinhos e alertar que os EUA vão investir para manter a supremacia militar na região do Pacífico. A disputa por influência na área, entre Washington e Pequim, com potenciais conflitos no Mar da China Meridional, no estreito de Taiwan e na Coreia do Norte, foi o principal tema dos debates do fórum.
O ministro chinês, porém, não se abalou com os comentários dos EUA e disse que o regime de Pequim não renunciará ao uso da força para a reunificação com Taiwan, se necessário. A China considera a ilha parte de seu território, embora governada por uma força rival, que se refugiou ali após os comunistas chegarem ao poder no continente, em 1949.
;Continuamos nos esforçando por um processo de reunificação pacífico, com a máxima sinceridade e os maiores esforços, mas não fazemos promessas de que renunciemos ao uso da força;, declarou o general Wei. ;Subestimar a determinação e a vontade do Exército Popular de Libertação é extremamente perigoso;, alertou, observando que ;o dever sagrado; das Forças Armadas é ;defender o território; chinês.
Francisco pede perdão aos ciganos
O papa Francisco aproveitou o último dos três dias de visita à Romênia para um pedido formal de perdão aos ciganos, em nome da Igreja Católica, pelas discriminações impostas à etnia durante séculos, com base em postulados religiosos ; entre outros motivos. ;Peço perdão, em nome da Igreja, ao Senhor e a vocês, pelas vezes em que, no curso da história, nós os discriminamos, maltratamos ou os olhamos mal;, declarou o pontífice, em discurso dirigido à comunidade cigana da cidade de Blaj, na região central do país. ;Carrego um fardo: o peso das discriminações, das segregações e dos maus-tratos sofridos por sua comunidade. A história nos diz que até mesmo os cristãos, inclusive os católicos, não são alheios a tanto mal;. O papa foi recebido por milhares de pessoas no bairro de Barbu Lautaru, construído ao redor de uma rua estreita, de casas pequenas. ;É importante que ele peça perdão, pois em todos os países o racismo voltou;, disse Vasile Razaila, 16 anos. ;Quando estamos na rua, todos nos apontam e dizem: ;Olhem um cigano;. Não gostamos disso;, relatou. ;É na indiferença que crescem os preconceitos e se atiçam os rancores;, disse o papa, que criticou ;as palavras nocivas e as atitudes que semeiam ódio e criam distância; entre as pessoas.