À época do massacre, Widener era editor de Fotografia para o Sudeste da Ásia da agência de notícias Associated Press, baseado em Bangcoc. Hoje, mora em Hamburgo (Alemanha) e trabalha para a agência de notícias Zuma Press, em San Diego, de onde falou ao Correio sobre seu histórico registro e gentilmente enviou outras imagens que produziu nos dias de protesto estudantil (veja galeria abaixo).
Naquele dia, eu estava muito gripado e gravemente ferido. Na noite anterior, em 4 de junho, eu tinha sido atingido na cabeça por uma grande rocha lançada por um manifestante. Quando fiz a foto do Homem dos Tanques, eu estava muito atordoado e bastante doente. Eu também estava muito assustado, pois quase tinha morrido. Diante de tudo o que eu havia visto, a imagem de um homem diante de um tanque de guerra parecia algo normal. Não era algo incomum. Eu tinha presenciado um homem queimando vivo no chão, pessoas dentro de um ônibus fuzilado, soldados mortos. Para mim, ver um homem caminhando diante de um tanque não parecia incomum.
Então, o senhor não imaginou que sua foto seria um símbolo tão poderoso do massacre?
Não, eu realmente não pensei nisso por muitos anos. Eu sabia que era uma boa foto. Outros colegas me disseram que era uma boa foto. Sabia que países ao redor do mundo a publicariam e que era simbólica, uma imagem muito forte, a qual não desapareceria com o tempo. Muitos anos depois, eu estava em casa, navegando na internet, quando a AOL trouxe uma história sobre as dez fotos mais memoráveis da história. Eu fiquei curioso. Entre aquelas fotos, havia a da garota atingida pelo bombardeio de napalm (de autoria de Nick Ut), a do desastre do dirigível em Hindenburg, a do homem recebendo um tiro na cabeça em Saigon. Todas imagens icônicas que eu tinha visto quando criança. Então, vi uma fotografia colorida, e era o meu ;Homem dos Tanques;. Eu quase chorei. Foi uma sensação incrível, como se tivesse atingido por um raio. Foi quando percebi que tinha captado algo extraordinário.
O que mudou na sua vida após essa foto?
Eu tinha 33 anos quando fiz a foto. Recebi vários prêmios por ela. Fui finalista do Prêmio Pulitzer. Ganhei o Prêmio Chia, na Sardenha; e o Scoop Award, na França, uma espécie de Pulitzer da fotografia. Ainda recebo vários convites para palestras. Na última terça-feira, fui premiado pela Arts Foundation, de Los Angeles. O melhor prêmio que ganhei foi minha esposa, Corina, que conheci no 20; aniversário do massacre.
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