postado em 04/06/2019 04:25
Um tribunal sueco rejeitou ontem o pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, processado por estupro supostamente cometido na Suécia em 2010 e atualmente detido em Londres. A decisão do tribunal de Uppsala representa um revés para a acusação, que esperava emitir um mandado de prisão europeu em vista da extradição do australiano para a Suécia antes da prescrição do crime em agosto de 2020.
O tribunal considerou fundamentadas ;as suspeitas contra Julian Assange e reconhece o risco de que tente escapar da Justiça;, mas, uma vez que está preso na Grã-Bretanha, ;os procedimentos de investigação podem ser conduzidos sob o regime de decisão de investigação europeu;, um mecanismo de cooperação entre os Estados-membros da União Europeia em investigações criminais. ;Nestas circunstâncias, uma ordem de prisão e detenção seria desproporcional;, acrescentaram os juízes.
O advogado sueco de Assange comemorou a decisão ;conforme o Estado de direito;. ;Queriam trazê-lo para cá a toda velocidade, porque a investigação foi arquivada em duas ocasiões e não é impossível que volte a sê-lo;, declarou Per Samuelson à agência France-Presse. A procuradora encarregada da instrução, Eva-Marie Persson, assegurou que vai emitir um pedido de ordem de investigação europeia, sem indicar se pretende apelar da decisão do tribunal.
Investigação
Em meados de maio, Persson anunciou a reabertura da investigação por estupro contra Assange, depois de sua detenção em Londres em 11 de abril. Uma semana depois, a Procuradoria solicitou a detenção à revelia, um mecanismo do sistema legal sueco, ;devido às suspeitas de estupro;. A prisão de Assange no Reino Unido e a reabertura da investigação na Suécia reavivaram as esperanças da demandante e de sua advogada de que o fundador do WikiLeaks fosse entregue para julgamento antes da prescrição do caso, em agosto de 2020.
A demandante acusa o australiano de ter mantido relações sexuais enquanto ela dormia e sem preservativo, apesar de ela ter se negado a manter relações sexuais sem proteção em outras ocasiões. Assange nega as acusações e diz que ela consentiu as relações e que aceitou não usar preservativo. Naquela época ele era alvo de outra investigação por agressão sexual, que prescreveu em 2015.