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Pompeo critica direitos humanos na China, que classifica comentário como afronta

"Durante as décadas seguintes, os Estados Unidos esperaram que a integração da China ao sistema internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante. Essas esperanças se viram frustradas", afirmou Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano

Agência Estado
postado em 04/06/2019 13:52

Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse nesta segunda-feira (4/6), que os Estados Unidos já perderam a esperança quanto aos direitos humanos na China, 30 anos após o ocorrido na Praça da Paz Celestial. Elogiando o "movimento heroico de protesto" que agitou "a consciência das pessoas amantes da liberdade ao redor do mundo", ele ainda pediu liberdade para os presos políticos e para os muçulmanos uigures.


"Durante as décadas seguintes, os Estados Unidos esperaram que a integração da China ao sistema internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante. Essas esperanças se viram frustradas", disse, durante comunicado oficial sobre os 30 anos do massacre.

Pompeo também afirmou que os chineses estão submetidos "a uma nova onda de abusos". O secretário de Estado frisou a situação em Xinjiang, onde haveriam supostos campos de concentração para muçulmanos e "os líderes do Partido Comunista que tentam estrangular metodicamente a cultura uigur e apagar a fé islâmica".

Estima-se que 1 milhão de uigures foram presos em Xinjiang, um encarceramento em massa que a China descreve como treinamento para reduzir o radicalismo.

Nesta terça (4/6), Pequim reagiu às declarações de Pompeo, acusando Washington de "atacar seu sistema e depreciar suas políticas" com comentários "por preconceito e arrogância" sobre os acontecimentos na Praça Tiananmen.

Em comunicado, o porta-voz da embaixada de Pequim em Washington afirmou que qualquer pessoa que tente "subestimar e intimidar o povo chinês apenas terminará no esquecimento da história".

Segundo o funcionário, Pompeo usou "o pretexto dos direitos humanos" para dar uma declaração que "interfere grosseiramente nos assuntos internos da China, ataca seu sistema e desprestigia suas políticas internas e externas".

"Esta é uma afronta ao povo chinês e uma grave violação do direito internacional e das normas básicas que regem as relações internacionais. A parte chinesa manifesta seu forte descontentamento e sua firme oposição", continua o comunicado, afirmando que Pequim "está firmemente comprometido com o caminho do desenvolvimento pacífico e dos direitos humanos na China e em todo o mundo".

O massacre

Em 1989, o massacre na Praça da Paz Celestial viu centenas de civis desarmados - de acordo com algumas estimativas, mais de mil pessoas - protestando a favor da democracia na China. Na madrugada de 3 para 4 de junho, os manifestantes foram brutalmente assassinados quando tropas e tanques do governo chinês esmagaram a revolta no centro de Pequim e deram fim a sete semanas de manifestações lideradas por estudantes.

O episódio continua sendo um assunto tabu na China. "Pedimos ao governo chinês que faça um relato público e completo dos mortos e desaparecidos", disse Pompeo, que também aconselhou a China a "libertar todos os detidos por buscarem exercício de liberdades e direitos fundamentais". (Com agências internacionais).

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