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Após matar 85 pacientes, enfermeiro serial killer pega prisão perpétua

Niels Högel aplicou injeções letais em pacientes durante décadas. Vítimas, escolhidas ao acaso, tinham entre 34 e 96 anos

Agência France-Presse
postado em 06/06/2019 10:43
Niels Högel: há suspeita de que ele tenha matado ainda mais pessoas do que admitiuUm tribunal alemão condenou um enfermeiro, nesta quinta-feira (6/6), à prisão perpétua pelo assassinato de 85 pacientes, um dos casos mais graves de assassino em série da história recente.

O tribunal de Oldenburg, noroeste da Alemanha, declarou Niels H;gel, 42 anos, culpado pelo assassinato dos pacientes por meio de injeção nos hospitais em que trabalhou entre 2000 e 2005. A policia suspeita que ele pode ter matado até 200 pessoas, mas vários casos não poderão ser esclarecidos porque os corpos das supostas vítimas foram cremados.

Os crimes cometidos por Niels H;gel "desafiam a razão e todos os limites conhecidos", afirmou o presidente do tribunal, Sebastian Buhrmann. "Há tantas vítimas que o espírito humano capitula diante de semelhante quantidade de crimes. O que você fez é incompreensível, é simplesmente demais", acrescentou o juiz dirigindo-se ao condenado.

As vítimas, com idades entre 34 e 96 anos, eram escolhidas ao acaso por H;gel. Entre 2000 e 2005 ele injetou uma superdose de medicamentos em dezenas de pacientes, alegando que queria se destacar entre os colegas ao reanimar os enfermos. "Era a única maneira de integrar-se na equipe", afirmou.

Desculpas e remorso
A pena proferida nesta quinta-feira em Oldenburg não mudará a situação do ex-enfermeiro, que já havia sido condenado à prisão perpétua em 2015 por vários assassinatos. "Quero sinceramente pedir desculpas a todos pelo mal que causei durante todos esses anos", declarou o condenado na quarta-feira às famílias das vítimas. H;gel afirmou ser "dia e noite" perseguido pela "vergonha e pelo remorso".

Ele primeiro reconheceu 30 assassinatos em Delmenhorst em 2015, mas negou ter matado em Oldenburg, o que era uma mentira. Quando perguntado por que ele mentiu, disse que estava "envergonhado" com a "dimensão" de suas ações.

Negar os crimes não o ajudou, porque a necrópsia dos corpos dos pacientes de Oldenburg provou que ele os matou.

Durante o julgamento, depois de reconhecer sua responsabilidade global por 100 mortes, ele finalmente disse ter certeza de ter "manipulado" 43 pacientes, sem se lembrar de 52 outros e negou a responsabilidade em cinco casos, criando confusão e frustração entre as famílias das vítimas.

Os especialistas psiquiátricos indicaram que H;gel sofre um profundo problema de narcisismo. "Está sempre disposto a mentir se isso permitir que se destaque", segundo o médico psiquiatra Max Steller, que depôs durante o julgamento.

Niels H;gel nasceu em 30 de dezembro de 1976 em Wilhelmshaven e se tornou enfermeiro, como seu pai, aos 19 anos. No fim de 1999 começou a trabalhar no hospital de Oldenburg e no início de 2003 no hospital da cidade vizinha de Delmenhorst.

O julgamento também buscou esclarecer como Niels H;gel conseguiu matar tantas pessoas durante cinco anos sem ser preso.

O hospital em Delmenhorst admitiu ter tido suspeitas, e o de Oldenburg o demitiu em 2002, argumentando "perda de confiança", embora tenha lhe dado uma carta de recomendação.

Vários colegas e superiores hierárquicos de Oldenburg, que testemunharam durante o julgamento, negaram, no entanto, que suspeitaram ou disseram que não se lembravam.

Essa "amnésia coletiva" exasperou o juiz, que acusou 10 pessoas de perjúrio e falso testemunho. Além disso, os responsáveis pelos dois hospitais terão que dar explicações em um julgamento diferente, no qual H;gel será uma testemunha.

Para os parentes das vítimas, apenas uma coisa importa: "Que este homem nunca saia da prisão", disse Petra Klein, lembrando que ele já está preso há 10 anos. A possibilidade de ele ser colocado em liberdade, que não pode ser excluída de acordo com a lei alemã, seria para ela "simplesmente insuportável".

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