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França repatria 12 órfãos de jihadistas entregues pelos curdos da Síria

As crianças francesas viviam em campos administrados pelas forças curdas, para onde milhares de pessoas fugiram da ofensiva contra o último reduto do grupo Estado Islâmico

Agência France-Presse
postado em 10/06/2019 08:40
As crianças francesas viviam em campos administrados pelas forças curdas, para onde milhares de pessoas fugiram da ofensiva contra o último reduto do grupo Estado IslâmicoDoze órfãos franceses de famílias jihadistas, que estavam em campos de deslocados no nordeste da Síria, chegaram a Paris nesta segunda-feira, informou o ministério das Relações Exteriores.

As 12 crianças, "todas órfãs, isoladas e particularmente vulneráveis", algumas delas "doentes e desnutrida", de acordo com o ministério, foram entregues no domingo a uma delegação francesa pelas autoridades curdas na Síria.

Dois órfãos de pais holandeses, que retornaram ao mesmo tempo, também foram entregues a representantes da Holanda que foram buscá-los, segundo a mesma fonte.

As crianças francesas viviam em dois campos administrados pelas forças curdas, para onde dezenas de milhares de pessoas fugiram da ofensiva contra o último reduto do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

As autoridades curdas entregaram "12 órfãos franceses de famílias do EI a uma delegação do ministério das Relações Exteriores da França", disse Abdel Karim Omar, uma autoridade da administração autônoma curda, não reconhecida pela comunidade internacional, mas que controla os territórios do nordeste da Síria.

Ele disse que a operação ocorreu no domingo na localidade de Ain Issa, perto da fronteira com a Turquia, e acrescentou que dois órfãos holandeses também foram entregues a uma delegação do governo de seu país.

Outra autoridade curda explicou que os órfãos franceses estavam nos campos de Al-Hol e Roj, e que os holandeses estavam no de Ain Issa.

As autoridades curdas esperam que outro grupo de órfãos franceses seja entregue à França em breve.

Depois de conquistar o último reduto jihadista no leste da Síria, depois de uma ofensiva apoiada por uma coalizão internacional liderada por Washington, os combatentes curdos e árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS) proclamaram no dia 23 de março a derrota do "califado" do EI.

As autoridades curdas administram no nordeste da Síria vários campos de deslocados superlotados, especialmente o de Al-Hol, onde as condições de vida são precárias.

Para aliviar a pressão no campo de Al-Hol, permitiram no início de junho que cerca de 800 mulheres e crianças sírias voltassem para suas casas.

"Caso por caso"

Ao mesmo tempo, pedem a repatriação de mulheres e crianças de jihadistas estrangeiros.

Duas mulheres americanas e seis crianças de famílias ligadas ao EI na Síria foram repatriadas na semana passada para os Estados Unidos.

As principais repatriações envolveram até agora o Cazaquistão, o Uzbequistão e o Kosovo.

Na França, o governo, sob pressão das famílias, foi convidado no final de maio a ajudar os filhos de jihadistas franceses detidos na Síria, interrompendo o "tratamento desumano" que sofrem nos campos de deslocados.

A esse respeito, a porta-voz do governo Sibeth Ndiaye reafirmou a posição da França, que estuda as situações "caso a caso" e repatria apenas órfãos ou crianças com o consentimento da mãe.

Até agora, cinco órfãos haviam sido repatriados em 15 de março e uma menina de três anos em 27 de março, cuja mãe foi condenada à prisão perpétua no Iraque.

De acordo com o Quai d;Orsay, cerca de 450 cidadãos franceses ligados ao EI - homens, mulheres e crianças - estão presos ou em campos de deslocados internos na Síria.

Onze franceses afiliados ao EI foram transferidos no começo do ano da Síria para o Iraque, onde foram recentemente sentenciados à morte.

Para Paris, que se recusa a repatriar e julgar os franceses ligados ao EI detidos no Iraque ou pelos curdos da Síria, seu julgamento por Bagdá é uma alternativa que pode resolver um quebra-cabeça legal.

Contrária à pena de morte, a França assegura que intervém para impedir que sejam enforcados, embora ressalte que seus julgamentos foram realizados "em boas condições".

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