Agência France-Presse
postado em 13/06/2019 12:22
O carismático e polêmico Boris Johnson confirmou nesta quinta-feira (13) a posição de favoritismo para substituir Theresa May na liderança do Partido Conservador britânico, como chefe de Governo e à frente das negociações do Brexit em uma primeira votação que eliminou três dos dez aspirantes.
Os 313 deputados conservadores votaram na primeira de uma série de rodadas destinadas a reduzir a disputa interna a apenas dois candidatos.
Duas mulheres e oito homens aspiravam a substituir May em Downing Street, mas três deles receberam menos do que os 17 votos necessários nesta quinta-feira: a ex-ministra de Relações com o Parlamento Andrea Leadsom, a ex-ministra do Trabalho e Previdência Esther McVey e o ex-diretor de disciplina parlamentar dos conservadores Mark Harper.
A votação serviu, sobretudo, para demonstrar o amplo favoritismo de Johnson. Ele foi o mais votado com 114 apoios, muito à frente do segundo colocado, o chanceler Jeremy Hunt (43).
"Obviamente estamos felizes com o resultado, mas ainda resta um longo caminho a percorrer para vencer a disputa", declarou à imprensa um porta-voz de Johnson, que não esconde há vários anos o desejo de assumir o maior posto do governo.
Depois de reconhecer a incapacidade para concretizar o Brexit, ante a rejeição do Parlamento ao acordo de divórcio que negociou durante dois anos com Bruxelas, May renunciou na sexta-feira como líder do Partido Conservador britânico.
Ela permanecerá como primeira-ministra apenas até que o partido designe um sucessor, um processo que deve terminar em julho.
Dos três candidatos eliminados, McVey e Leadsom eram as mais fervorosas defensoras de um Brexit sem acordo, uma possibilidade temida que outros aspirantes contemplam em maior, ou menor medida.
A votação será organizada novamente na próxima semana, com o aumento do número de apoios necessários, até que restem apenas dois nomes. Essas indicações serão submetidas à votação dos 160.000 membros do partido entre meados e fim de julho.
Boris Johnson, de 54 anos, ex-ministro das Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres, conhecido pelas declarações incendiárias, era apontado desde a renúncia de May como o favorito. Por este motivo, suas palavras são examinadas com cuidado.
No lançamento oficial de sua campanha na quarta-feira (12), ele pareceu suavizar o tom a respeito da União Europeia (UE).
Johnson ressaltou a determinação de tirar o país do bloco em 31 de outubro, sem solicitar outros adiamentos, mas afirmou que contempla concretizar a medida sem um acordo apenas como "último recurso", caso não consiga renegociar os termos do divórcio.
A UE já afirmou em diversas ocasiões que não pretende reabrir os debates sobre o Tratado de Retirada negociado com May e aceitará apenas revisar a declaração política que o acompanha, estabelecendo as bases da futura relação entre as partes, após o Brexit.