Mundo

Imagens de um planeta recém-nascido

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 14/06/2019 04:18
Do Chile, o Very Large Telescope obteve as imagens infravermelhas em diferentes comprimentos de onda

Um estudo internacional liderado pela Faculdade Monash de Física e Astronomia descobriu a primeira evidência observacional para a existência de discos circumplanetários ; estruturas de gás e poeira associadas ao processo de formação de jovens planetas, o que, em termos astronômicos, significa poucos milhões de anos. ;Nossa pesquisa nos ajuda a entender como nosso Sistema Solar de 4,6 bilhões de anos surgiu, e como chegamos aqui;, diz Valentin Christiaens, principal autor do trabalho, publicado no Astrophysical Journal Letters.

A equipe usou o Very Large Telescope no Chile para obter imagens infravermelhas em diferentes cores (comprimentos de onda) de um planeta gigante recém-nascido. ;Achamos que as grandes luas de Júpiter e outros gigantes gasosos nasceram em tal disco. Então, nosso trabalho ajuda a explicar como os planetas do nosso Sistema Solar se formaram;, diz. O cientista lembra que foi observando as luas de Júpiter com um telescópio que o astrônomo italiano Galileu Galilei percebeu que nem tudo orbitava a Terra e, portanto, não éramos o centro do universo.

Christiaens disse que o método usado para obter os resultados do estudo apresentado agora foi inovador. Um planeta recém-nascido é muito mais difícil de se observar do que a estrela que orbita. Para conseguir visualizá-lo, foi preciso apagar das imagens o clarão brilhante estelar. ;O algoritmo que desenvolvemos pode ser usado para extrair sinais fracos de outros conjuntos de dados complexos;, diz.

Sintonia com Galileu
Até agora, com base em cálculos teóricos e simulações numéricas, os astrônomos concluíram que as luas de gigantes gasosos se formaram dentro de um disco circunvizinho. ;Mas, apesar de uma busca intensiva, os discos circumplanetários escapavam da detecção;, afirma Christiaens. ;Essa primeira evidência que obtivemos sugere que modelos teóricos de formação de planetas gigantes não estão longe da realidade. Nosso trabalho acrescenta outra peça ao quebra-cabeça da formação dos planetas gigantes, cuja primeira peça foi colocada por Galileu quatro séculos atrás, com a descoberta das quatro maiores luas de Júpiter.;

O coautor do estudo Daniel Price, também da Faculdade Monash de Física e Astronomia, diz que é ;alucinante; pensar que agora é possível ver planetas no processo de formação graças ao maior telescópio do mundo. ;Esse resultado é o ponto culminante de uma longa busca por discos circumplanetários, através de vários meios e em diferentes comprimentos de onda;, comemora.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação