postado em 16/06/2019 04:17
Uma coisa, porém, já é possível fazer para tentar retardar a artrite reumatoide em quem tem histórico familiar, especialmente se forem parentes de primeiro grau. Além de influência genética, a doença autoimune está associada a questões de estilo de vida, especialmente tabagismo, embora não se saiba por que a fumaça do cigarro favoreça o surgimento da condição.
;O inimigo número 1 é o tabagismo. Quem já tem artrite e continua fumando diminui a chance de entrar em remissão. No caso de pessoas com histórico familiar, se forem tabagistas e desenvolverem a doença, terão uma forma muito mais grave;, destaca o reumatologista Thiago Bitar, do Hospital Sírio-libanês, em São Paulo. Os estudos já demostraram associações da doença com outros fatores de risco, como obesidade e sedentarismo.
Enquanto não é possível agir antes que a doença se instale, a detecção precoce e o tratamento idealmente em até três meses após o diagnóstico previnem complicações e ajudam o paciente a atingir com mais facilidade a remissão total da artrite reumatoide ; muitas vezes, inclusive, permitindo a retirada dos medicamentos. ;Infelizmente, no Brasil, as pessoas conhecem pouco a reumatologia, e a regra é procurarem um ortopedista quando têm dores articulares, o que atrasa o diagnóstico;, lamenta Dawton Torigoe, diretor executivo da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
O médico alerta que, quando não há traumatismos que justifiquem dor e inchaço, o paciente deve recorrer ao reumatologista que, com o exame clínico e os testes de imagem, poderá confirmar ou descartar a artrite reumatoide. ;Quanto antes começar o tratamento, melhor também o controle das comorbidades, como infarto, derrame e fibrose pulmonar;, esclarece. De acordo com o médico, é preciso tratar a condição como urgência médica, que exige uma rápida abordagem. (PO)
"O inimigo número 1 é o tabagismo. Quem já tem artrite e continua fumando diminui a chance de entrar em remissão;
Thiago Bitar, reumatologista do Hospital Sírio-libanês, em São Paulo
Palavra de especialista
Brasil vive outra realidade
;Eu tenho 15 anos de reumatologia e, nesse tempo, a visão sobre a artrite reumatoide mudou completamente, passando de poucas possibilidades terapêuticas para muitas opções. Vislumbrar agora um futuro que, espero, seja próximo, com a possibilidade de prevenção, é um cenário fabuloso e estou muito otimista. Mas, para a realidade brasileira, ainda estamos em outro momento, que é o de conseguir que os pacientes tenham acesso precoce ao tratamento. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece todas as opções medicamentosas, exceto um remédio que acabou de ser liberado. A grande dificuldade é ter acesso ao diagnóstico. Na Holanda, em menos de quatro semanas, é feito o diagnóstico de um paciente com suspeita de doença reumática. No Brasil, um estudo que realizamos em 11 centros universitários com 1.115 pacientes mostrou que a média de tempo para chegar ao diagnóstico é de mais de 12 meses. Em alguns casos, foram 400 meses.;
Lícia Maria Henrique da Mota, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora da Comissão de Ortite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)