postado em 17/06/2019 04:17
Uma falha no sistema de interconexão elétrica provocou ontem um megablecaute sem precedentes, que atingiu todo o território da Argentina, além de cidades do Uruguai, Brasil e Chile. Por várias horas, cerca de 50 milhões de pessoas ficaram às escuras desde as 7h07. Algumas regiões enfrentaram um apagão de mais de 12 horas. O presidente argentino, Mauricio Macri, apenas se pronunciou sobre o caso às 14h. ;Nesta manhã, houve um corte de energia elétrica em todo o país devido a uma falha no sistema de transporte do litoral, cujas causas ainda não podemos precisar. Estamos trabalhando para que todos possamos ter energia o quanto antes;, afirmou, por meio do Twitter, o líder de direita, que buscará em outubro a reeleição. ;Trata-se de um caso inédito, que será investigado a fundo.;
O secretário de Energia, Gustavo Lopetegui, admitiu que a causa do apagão segue desconhecida e estimou que ;certezas sobre o motivo da falha; surgirão entre 10 e 15 dias, de acordo com o jornal Clarín. ;O que sabemos é que, às 7h07, produziu-se uma falha no sistema de transporte do litoral. Uma falha que ocorre com frequência, não é algo anormal. O extraordinário, e que não deve ocorrer, é a cadeia de acontecimentos posteriores que causaram a desconexão total (do sistema), disse. Às 20h de ontem, a energia tinha sido restabelecida em 89% do território argentino.
O advogado Alberto Fernández ; principal rival de Macri e que encabeça a chapa, ao lado da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner ; não poupou ataques à Casa Rosada. ;O presidente deveria emitir um comunicado e dar explicações sobre o que estão padecendo os argentinos. Para isso, falta-lhe o sentido da responsabilidade e do conhecimento do que se passa no país;, escreveu, também no Twitter, antes da publicação de Macri. Segundo ele, o governo aumentou as tarifas e provocou o maior apagão da história. ;Não é a Venezuela. É a Argentina. É hora de se dar conta disso;, provocou.
;Já fazem mais de 12 horas que estamos sem luz, aqui em Belén de Escobar (a 54km de Buenos Aires). Estamos sem fornecimento de energia elétrica e de gás natural. As comunicações telefônicas têm sido cortadas a cada 15 minutos. Há muita insegurança nas ruas. Além disso, tememos pelos idosos que precisam de eletricidade e de remédios;, relatou ao Correio o morador Franco Bolzan, que interrompeu a entrevista depois de o celular ficar sem bateria.
Em Lanús, 10km de Buenos Aires, a estudante Belén Delgado, 27 anos, disse ter ficado sem fornecimento de energia elétrica até as 15h. ;Fomos pegos de surpresa. É algo que jamais ocorrera na história da Argentina. Ficamos sem serviços de trem e de metrô. O blecaute também afetou o abastecimento de água e o funcionamento dos celulares;, contou. ;Foi bastante caótico, pois não sabíamos de nada. A luz voltou, e o governo não sabe nos dar uma explicação.;
Delgado lembra que Santa Fé e outras províncias teriam eleições regionais, ontem, que acabaram prejudicadas pelo blecaute. ;O governo é o responsável por isso. O presidente demorou sete horas para comentar o incidente e, durante a entrevista coletiva, as autoridades disseram que não sabem o que ocorreu;, criticou. (RC)