Agência France-Presse
postado em 17/06/2019 13:37
Os Estados-membros da União Europeia (UE) defenderam a cautela, nesta segunda-feira (17), no momento de atribuir a culpa dos ataques a petroleiros no Golfo, com uma recusa a acompanhar a avaliação de Washington de que o Irã está por trás dos incidentes.
"Uma tal decisão deve ser tomada com grande atenção. Conhecemos a avaliação do serviço de Inteligência dos Estados Unidos e Reino Unido. Estamos comparando com nossas informações. Acredito que temos que proceder com muito, muito cuidado", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas.
O alemão fez a declaração antes de uma reunião em Luxemburgo com seus colegas europeus. O chanceler finlandês, Pekka Haavisto, pediu "todas as provas" antes de chegar a uma conclusão.
"É essencial ter todas as provas" antes de tirar conclusões, declarou por sua vez o ministro finlandês Pekka Haavisto.
Os ministros francês Jean-Yves Le Drian, o britânico Jeremy Hunt e belga Didier Reynders, não participaram desta reunião.
Vários ministros apoiaram a posição do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pediu uma investigação independente.
"O principal papel dos ministros das Relações Exteriores é evitar a guerra", ressaltou o chefe da diplomacia de Luxemburgo Jean Asselborn, que alertou para a repetição de erros diplomáticos que levaram à invasão do Iraque em 2003.
Além dos Estados Unidos e do Reino Unido, a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, acusou o regime iraniano pelos ataques não reivindicados que atingiram dois petroleiros no Mar de Omã na quinta-feira passada.
Grande rival regional da Arábia Saudita, o Irã negou envolvimento nos ataques perto do Estreito de Ormuz, por onde passa um terço do petróleo transportado por via marítima. Os ataques provocaram a disparada do preço do combustível.
Jean Asselborn ressaltou ainda que está "convencido, como há 16 anos, de que não se deve cometer o erro de acreditar que podemos resolver um problema no Oriente Médio com armas", completou em referência à guerra do Iraque iniciada em 2003.
"O perigo aqui é brincar com o fogo e, no fim, todos saírem perdendo", alertou o ministro austríaco das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg.
"Estamos preocupados com os riscos", reconheceu a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que na semana passada fez um apelo para que se evitem "provocações" na região.
Um conflito seria "extremamente perigoso", ressaltou ela após a reunião. "Ninguém poderá tirar proveito disso", apontou.
A UE ainda tenta salvar o acordo nuclear iraniano, ameaçado pela saída de Washington do mesmo e pela decisão do presidente americano, Donald Trump, de retomar as sanções contra Teerã.