Mundo

Reforço dos EUA no Golfo

postado em 18/06/2019 04:08
Imagem de um dos petroleiros atacados na região: escalada militar
O governo do presidente Donald Trump deu ontem mais um passo na escalada de tensão com o Irã e anunciou o envio de mais mil militares para o Oriente Médio. A decisão coincidiu com a divulgação de mais um conjunto de fotos que, segundo o Departamento de Defesa, comprovariam a responsabilidade do regime de Teerã no ataque a dois petroleiros que transitavam pelo Golfo Pérsico, na semana passada. O secretário Patrick Shanahan disse em comunicado que a medida ;tem propósitos defensivos, para responder a ameaças potenciais no Oriente Médio ; aéreas, navais e terrestres;.

;Os EUA não buscam um conflito (militar) com o Irã;, acrescenta o texto do comunicado, segundo o qual o reforço de tropa visa a ;assegurar a segurança e o bem-estar de nosso pessoal militar que trabalha em toda a região e proteger nossos interesses nacionais;.

As 11 novas fotos publicadas pelo Pentágono, relacionadas aos incidentes no Golfo, mostram um objeto metálico circular de 3cm de diâmetro aderido ao casco do petroleiro japonês Kokuka Courageous, um dos navios atingidos nos incidentes da semana passada. O objeto foi identificado como um dispositivo utilizado para instalar no casco do petroleiro uma mina magnética que não explodiu. Segundo os EUA, uma lancha da Guarda Revolucionária, a unidade militar de elite iraniana, teria removido o artefato.

Em contraste com a escalada de acusações de Washington, os governos de alguns dos principais países-membros da União Europeia (UE) defenderam a adoção de uma postura cautelosa em torno das tensões no Golfo, e manifestaram reserva à acusação categórica feita ao Irã. ;Uma tal decisão deve ser tomada com grande atenção. Conhecemos a avaliação dos serviços de inteligência dos EUA e do Reino Unido e estamos comparando com as nossas informações;, afirmou o ministro alemão de Relações Exteriores, Heiko Maas, antes de reunir-se com colegas europeus em Luxemburgo. ;Acredito que temos de proceder com muito, muito cuidado.;

Vários dos chanceleres presentes endossaram a posição expressa pelo secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, que pediu uma investigação independente. ;O principal papel dos ministros das Relações Exteriores é evitar a guerra;, ressaltou o titular da pasta em Luxemburgo, Jean Asselborn, que alertou para a repetição de erros diplomáticos que levaram à invasão unilateral do Iraque pelos EUA, em 2003 ; em nome de neutralizar armas de destruição em massa que, afinal, foi comprovado que não existiam.

Em coro com Washington e Londres, a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, acusou o regime iraniano pelos ataques aos petroleiros no Mar de Omã ; assim como por incidentes semelhantes registrados na região há cerca de um mês. A monarquia saudita forma com Israel a dupla dos principais rivais do Irã no Oriente Médio, ambos aliados estratégicos dos EUA.

O acirramento das tensões na principal via de escoamento de petróleo para o mercado internacional teve repercussão imediata nas cotações da commodity e motivou uma advertência da alta representante da União Europeia para Política Externa e Defesa, a ex-chanceler italiana Federica Mogherini. ;Um conflito (no Golfo) seria extremamente perigoso, e estamos preocupados com os riscos;, afirmou a chefe da diplomacia europeia, ao fim da reunião em Luxemburgo. ;Ninguém poderá tirar proveito disso;, alertou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação