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Johnson promete Brexit no prazo

O ex-ministro de Relações Exteriores confirma o favoritismo para ser o próximo chefe de governo após a segunda votação entre a bancada conservadora. Em debate, ele promete sair da UE em 31 de outubro

postado em 19/06/2019 04:17
O ex-ministro de Relações Exteriores confirma o favoritismo para ser o próximo chefe de governo após a segunda votação entre a bancada conservadora. Em debate, ele promete sair da UE em 31 de outubro

Os cinco candidatos remanescentes na disputa pela líderança do Partido Conservador ; e, por tabela, pelo posto de primeiro-ministro do Reino Unido ; enfrentaram-se ontem em um debate pela tevê, horas depois de mais um pretendente ter sido eliminado na segunda rodada de votação entre a bancada governista no parlamento. O ex-ministro de Relações Exteriores Boris Jonhson, adversário frontal da premiê demissionária Theresa May, confirmou o favoritismo e saiu da votação com o apoio de 126 dos 313 deputados conservadores. O ex-ministro para o Brexit Dominic Raab ficou aquém dos 33 votos exigidos para seguir na disputa. Novas rodadas de votação, até o fim da semana, devem definir os dois nomes que serão levados para a escolha final, a cargo dos 160 mil filiados ao partido.

O Brexit, o processo pelo qual o país deve deixar a União Europeia (UE), em 31 de outubro, esteve no centro do debate promovido pela emissora pública BBC. Johnson, que já firmou posição pela separação na data prevista, com ou sem um acordo firmado entre as partes, considerou a data ;fundamentalmente factível;. O atual chanceler, Jeremy Hunt, e o ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, que lutam pela segunda vaga para passar à última etapa da escolha, admitiram a ideia de pedir ao bloco continental um novo adiamento do prazo para a efetivação do Brexit ; originalmente, marcado para março passado.

Durante cerca de uma hora, os cinco candidatos remanescentes trataram não apenas do Brexit, mas da complicada situação política interna. Sem maioria absoluta no parlamento, o Partido Conservador governa em coalizão com um pequeno partido norte-irlandês, que, no entanto, se opõe aos termos negociados por May para a saída da UE. Nenhum dos pretendentes à sucessão, porém, admitiu a ideia de convocar eleições parlamentares antecipadas como recurso para tentar quebrar o impasse político.

Na última ocasião em que foram às urnas, no fim de maio, para a renovação do Parlamento Europeu, os eleitores britânicos colocaram os conservadores em quinto lugar, atrás do Partido do Brexit, dos liberal-democratas, do Partido Trabalhista e dos ecologistas. Os trabalhistas, que detêm atualmente a maior bancada de oposição, defenderam nos últimos meses a convocação de eleições antecipadas, na esperança de retomar o governo, mas refrearam a campanha diante dos resultados da eleição europeia e das últimas pesquisas de opinião.

Desafeto de May justasmente pela maneira como a premiê conduziu as negociações sobre o Brexit, aprovado em referendo (com 52% dos votos) em junho de 2016, Johnson se lançou à disputa sucessória sob o lema de concluir a separação na data prevista, ainda que sem acordo com a UE ; cenário temido pelo empresariado britânico. No debate televisivo, ele fez questão de frisar que não contempla a ideia de adiamento. ;Se permitirmos que o 31 de outubro passe da mesma maneira como deixamos passar a data original de março, acho que a opinião pública vai olhar para nós com desconfiança crescente;, afirmou.

O chanceler Jeremy Hunt, visto como o adversário mais viável do antecessor, insistiu na necessidade de considerar o ;Brexit duro;, sem acordo) uma solução de ;último recurso;. Embora o comando da UE tenha rejeitado até aqui a ideia de renegociar os termos do acordo fechado com May ; e rejeitado em três ocasiões pela Câmara dos Comuns ;, Hunt voltou a mencionar a opção de obter algum tempo mais para finalizar um acerto sobre o ;divórcio; com Bruxelas. ;Algumas vezes, no futebol, você tem uma prorrogação para que se defina o vencedor;, comparou.

Votação
Com 46 votos na rodada de ontem entre a bancada parlamentar governista, Hunt procura conslidar-se como opção aos que rejeitam Johnson. O ex-chanceler confirmou o favoritismo exibido na primeira votação e garantiu o apoio de 126 correligionários, contra 114 obtidos na semana passada. Hunt apareceu em um distante segundo lugar, com 46 votos, seguido de perto por Gove, com 41. O ministro do Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, conseguiu o apoio de 37 deputados, e o titular do Interior, Sajid Javid, teve de se contentar apenas com os 33 votos exigidos para ser automaticamente eliminado da disputa.

A expectativa é de que as novas rodadas de votação definam dois candidatos a serem submetidos aos 160 mil filiados, a partir da próxima semana. Os votos serão emitidos por correio, e o resultado final é esperado até 22 de julho.


;Se permitirmos que o 31 de outubro passe da mesma maneira como deixamos passar a data original de março, acho que a opinião pública vai olhar para nós com desconfiança crescente;
Boris Johnson, ex-chanceler britânico


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