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Longa jornada de uma poeira cósmica

postado em 23/06/2019 04:18
Meteorito estudado tem carbono (vermelho) com assinatura  não  vista no Sistema Solar


Em uma antiga nuvem de poeira, cientistas do Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos pretendem encontrar dicas sobre a formação do Sistema Solar. Os especialistas em ciência de materiais detectaram um remanescente dos primeiros estágios do conjunto de planetas onde a Terra se encontra dentro de um meteorito primitivo, o La Paz Icefield 02342, localizado na Antártida.

Para examinar esses minúsculos grãos dentro da partícula maior, os pesquisadores utilizaram um microscópio eletrônico de transmissão de varredura com correção de aberrações de última geração. Com outros equipamentos de medição e nanofabricação de última geração localizados no laboratório, os engenheiros LPN vêm descobrindo e desenvolvendo novas nanotecnologias para a Marinha e o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, conta Bradley De Gregorio, um dos cientistas envolvidos.

Partículas

Pesquisador da Divisão de Ciência e Tecnologia de Materiais do LPN, De Gregorio chamou a confluência de eventos cósmicos que levaram à descoberta de ;incrível; e ;uma incrível jornada; para uma antiga partícula de poeira. ;Essa partícula se formou no início do nosso Sistema Solar;, relata. ;Ela teve que viajar das regiões externas formadoras de cometas, incorporando-se a asteroides que se constituem no interior de nosso Sistema. Então, um asteroide teve que se desintegrar da maneira certa para formar um meteoroide com a partícula de poeira. Em seguida, o meteorito precisou pousar na Antártida exatamente no local certo para ser coletado por um cientista de campo;, narra.

Os pesquisadores validaram a origem cometária do pó dos grãos pré-solares ; minúsculas partículas de carbono que têm uma assinatura química isotópica específica não encontrada em material originário de nosso Sistema Solar ; e da presença de grãos vítreos contendo sulfetos de ferro, que são comumente encontrados em outros estudos de poeira cometária. O meteorito foi coletado na Antártida durante a temporada de campo de 2002 do programa Antarctic Search for Meteorites da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). A análise da poeira cósmica resultou na publicação, no mês passado, de um artigo na revista Nature Astronomy. (PO)


"Ela teve que viajar das regiões externas formadoras
de cometas, incorporando-se a asteroides que se
constituem no interior de nosso Sistema;

Bradley De Gregorio,
pesquisador do Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos e um dos cientistas da equipe

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