postado em 24/06/2019 04:17
Estratégias em diferentes frentes tentarão, no começo desta semana, aliviar o clima de tensão entre Estados Unidos e Irã, acirrado desde que um drone americano foi derrubado no Estreito de Ormuz, na última quinta-feira. Está prevista para hoje uma reunião do Conselho Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o tema, assim como o anúncio de novas sanções americanas contra Teerã. Com agenda de compromissos na Índia a partir de amanhã, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou que fará escala na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes para conversar sobre a crise.
Segundo Pompeo, ambos os países são ;grandes aliados no desafio que Irã representa;. ;Vamos conversar com eles sobre como nos certificaremos de que todos estamos estrategicamente alinhados e sobre como podemos construir uma coalizão global ante o Irã;, declarou, antes de partir de Washington. O secretário de Estado também reiterou a disposição americana ao diálogo. ;Estamos preparados para negociar sem condições prévias (;) Tenho confiança de que, no mesmo instante em que quiserem se comprometer conosco, poderemos iniciar o diálogo.;
Em entrevista à NBC, o presidente Donald Trump voltou a afirmar que não quer travar uma guerra com o Irã e que acredita ser possível recuperar a economia do país caso seus líderes mudem a forma de administrá-lo. ;Vamos tornar o Irã ótimo novamente;, disse. Também em um discurso apaziguador, o emissário americano para o Irã, Brian Hook, pediu a ;todos os países que convençam Teerã a aliviar a tensão; no Golfo. Segundo o diplomata, os Estados Unidos ;não têm interesse em um confronto militar com o Irã; e reforça ;o dispositivo na região apenas por razões defensivas;.
Sem recuo
Em contrapartida, Teerã sinaliza estar firme em sua posição. A televisão estatal iraniana informou que o país não vai recuar da decisão de voltar atrás em alguns compromissos previstos em um acordo nuclear de 2015 com grandes potências. A declaração foi dada por Abbas Araqchi, vice-ministro de Relações Exteriores do país: ;Falta aos signatários europeus do acordo a vontade necessária para salvá-lo. Nossa decisão de reduzir nosso comprometimento com o acordo é uma decisão nacional e é irreversível enquanto nossas demandas não forem atendidas;.
Teerã alega ainda que houve outro desrespeito recente ao seu espaço aéreo por parte dos americanos. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, ;um drone espião; teria sobrevoado o espaço no fim de maio. Em seu perfil no Twitter, Zarif declarou que se tratava de um aparelho MQ9 (código do drone de vigilância e ataque americano Predator B).
O ministro também publicou um mapa itinerário da aeronave não tripulada com a data de 26 de maio e uma lista de evolução entre 19h12 e 22h52, sem especificar o fuso horário considerado. De acordo com o mapa, o drone recebeu três avisos de invasão por parte das forças iranianas. No sábado, Zarif havia divulgado, também no Twitter, um mapa com as coordenadas detalhadas do veículo não tripulado que foi derrubado. Segundo ele, com os dados, ;não pode haver dúvidas sobre onde o drone estava;, escreveu.
Washington, porém, alega que a ação se deu em um espaço aéreo internacional. Mike Pompeo qualificou como ;infantil; o primeiro mapa divulgado pelo ministro das Relações Exteriores. ;Esse mapa infantil (;) contrasta com a excelência e o profissionalismo dos serviços militares e de inteligência americanos;, comparou. Para o secretário, Teerã tem o intuito de ;semear desinformações;.
Migração
Ao ser perguntado sobre relatos recentes de crianças imigrantes separadas dos pais, Trump disse que isso ocorre desde o governo anterior. ;Você sabe, sob o governo do presidente Obama, houve as separações. Fui eu quem acabou com isso. Mas quando eu terminei, eu disse: O que vai acontecer? Mais famílias vão aparecer. E foi o que aconteceu;, declarou. Trump ainda explicou por que adiou a operação contra migrantes irregulares prevista para ontem. ;A pedido dos democratas, adiei o Processo de Traslado de Imigração Ilegal por duas semanas para ver se democratas e republicanos podem se reunir e encontrar uma solução;, explicou.