Agência France-Presse
postado em 29/06/2019 17:46
A família de Aylan Kurdi, menino sírio fotografado sem vida em uma praia turca, que se tornou um símbolo trágico da crise migratória na Europa em 2015, se opôs a um filme sobre a criança, filmada sem seu consentimento. "Meu coração está partido (...) Isto é inaceitável", disse a tia do menino, Tima Kurdi, à emissora CBC, de Port Coquitlam, perto de Vancouver, no oeste do Canadá.
O corpo do menino foi fotografado deitado com o rosto na areia de uma praia da Turquia. Vários integrantes de sua família morreram tentando chegar a uma ilha grega. A foto provocou revolta na Europa e levou a União Europeia a abrir, por algum tempo, suas fronteiras para refugiados sírios.
O filme, chamado "Aylan Baby: o mar da morte", que tem o ator americano Steven Seagal no elenco, está sendo filmado na Turquia, disse a CBC. O diretor Omer Sarikaya publicou o anúncio do longa em suas redes sociais.
De acordo com Kurdi, ninguém pediu autorização à família. Ela ficou sabendo do filme pelo pai do menino, Abdullah Kurdi, que vive no Iraque. "Ele me ligou, e estava chorando também. Ele disse: ;Não posso acreditar que alguém já está fazendo um filme. Não posso nem imaginar que meu filho morto, com 2 anos, não sabia nem falar, como se estivesse vivo" em um filme, relatou Kurdi.
A tia de Aylan, que publicou um livro chamado "O menino na praia", disse que a família tinha recusado várias ofertas de produtoras de filmes. O diretor afirmou à CBC que o tema de seu filme, embora se assemelhe à história da família Kurdi, se concentrou na crise de refugiados em seu conjunto. "Será Aylan Baby, não Aylan Kurdi", respondeu.