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Multidão faz desfile em NY

Milhões comemoram nas ruas os 50 anos da revolta de Stonewall, em que homossexuais enfrentaram a repressão policial durante seis dias e deram a largada para o moderno movimento pelos direitos da comunidade LGBT

postado em 01/07/2019 04:14
As bandeiras do arco-íris, símbolo do movimento, dominaram o cenário multicolorido ao longo da marcha
Uma multidão calculada pelos organizadores em cerca de 3 milhões de pessoas tomou as ruas de Nova York para desfilar em comemoração aos 50 anos do dia em que homossexuais enfrentaram a polícia no bar Stonewall, reduto gay no coração do bairro de Greenwich Village. Os incidentes iniciados em 28 de junho de 1969, que se prolongaram por seis dias, deram origem às paradas do Orgulho Gay, repetidas anualmente, e ontem festejada como ;a maior da história; pelo prefeito Bill Blasio ; que disputa a indicação do Partido Democrata para enfrentar Donald Trump na eleição presidencial de 2020.

A marcha, convocada para as 12h (13h de Brasília), saiu da Quinta Avenida com a rua 26 em direção ao Greenwich Village, em uma tarde quente e ensolarada de verão. Participantes de todas as partes do mundo exibiram as cores do arco-íris, símbolo do moderno movimento pelos direitos dos LGBTs, em cartazes, maquiagem e todos os tipos de trajes e fantasias que marcam o evento. A parada se encaminhou para uma grande festa na Times Square, um dos cartões-postais da cidade, com show da popstar Madonna, um dos ícones da comunidade homossexual.

Um ato paralelo, menos multitudinário, reuniu às 10h milhares de pessoas que, segundo a polícia, começaram a desfilar em Greenwich Village e ao longo da Sexta Avenida em direção ao Central Park. A marcha alternativa, chamada de Reclaim pride (;Recuperar o Orgulho Gay;), foi convacada por ativistas descontentes com a ;exploração comercial; que dominou progressivamente o evento oficial. Inédita em Nova York, a manifestação se opôs às 70 empresas patrocinadoras da marcha principal, entre elas o banco Morgan Stanley e a Delta.


Os organizadores reivindicam o objetivo de ;resgatar a tradição radical; da revolta de Stonewall. ;Nosso objetivo nunca foi apenas a igualdade de direitos para a comunidade LGBT+;, explica Peter Tachell, 67 anos, que viajou de Londres especialmente para prestigiar a marcha alternativa. ;Meu objetivo é transformar a sociedade e construir outra com liberdade e justiça social para todos;, afirmou o militante, famoso por ter tentado prender o ex-ditador do Zimbábue Robert Mugabe, conhecido por assumir posições homofóbicas. ;Stonewall foi uma insurreição, e é importante que o Orgulho Gay não seja tomado pelas grandes empresas;, concorda Bennet Sherr, estudante de 20 anos. ;Há empresas que financiam a Marcha do Orgulho e depois entregam milhões a personalidades políticas anti-LGBT.;

Personalidades
Protestos à parte, muitos dos participantes se uniram depois ao desfile oficial, que teve no prefeito Bill de Blasio, conhecido apoiador da causa dos direitos dos homossexuais, apenas uma das personalidades políticas presentes. De Blasio agitou a bandeira do arco-íris e caminhou à frente de um bloco de manifestantes, entre os quais se fizeram presentes outros políticos democratas nova-iorquinos. Além do governador Andrew Cuomo, desfilaram os senadores Charles Schumer, líder da minoria oposicionista, e Kirsten Gillibrand, rival do prefeito na corrida pela candidatura presidencial. Outra personalidade festejada foi a deputada Alexandra Ocasio-Cortez, filha de imigrantes, eleita no ano passado para a Câmara dos Deputados ; a mais jovem da atual legislatura.

Celebrada atualmente em centenas de cidades de todos os continentes, a Parada do Orgulho Gay se repete em Nova York desde 1970, quando reuniu ;mais de mil pessoas;, segundo a polícia ; ou até 20 mil, de acordo com militantes que participaram da marcha. Na marcha oficial de ontem, os organizadores registraram a inscrição de mais de 650 grupos pró-direitos.




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