postado em 04/07/2019 04:19
O Conselho de Segurança das Nações Unidas analisa a instalação de uma investigação independente sobre o bombardeio aéereo que matou ao menos 44 migrantes em um centro de detenção de Trípoli, capital da Líbia, na noite de terça-feira. O ataque, atribuído pelas autoridade locais à milícia liderada pelo marechal Khalifa Haftar, deixou 130 feridos e ;pode claramente constituir crime de guerra;, afirmou ontem o enviado da ONU ao país, Ghassan Salamé, em comunicado. ;Esse ignóbil e sangrento massacre é uma das consequências mais terríveis e trágicas do absurdo dessa guerra;, diz o texto.;Mataram pessoas inocentes, forçadas a estar naquele refúgio por causa de suas condições de vida pavorosas.;
Foi a segunda vez que o centro de detenção de Tajura, onde vivem mais de 600 migrantes, foi alvo de uma ação militar desde abril, quando as forças de Haftar lançaram uma ofensiva para conquistar a capital. O Governo de Acordo Nacional (GNA, em inglês), que está instalado em Trípoli e tem o reconhecimento da ONU, denunciou o ;crime odioso; contra os civis, atribuído ;ao criminoso de guerra Khalifa Haftar;. A nota do GNA acusa o líder rebelde de ter ordenado um ataque ;premeditado e preciso; contra o local.
A milícia de Haftar não assumiu a autoria da ação, mas veículos de mídia próximos a ela tinham anunciado, horas antes, a ;iminência; de uma ;série de ataques aéreos; na área de Trípoli e Tajura, onde se localizam várias instalações militares controladas pelo governo. Na noite de ontem, a milícia de Haftar anunciou ter bombardeado o aeroporto de Mitiga, o único em operação na área de Trípoli, sem causar vítimas nem danos de maior vulto. Ainda assim, segundo as autoridades, os voos foram suspensos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma investigação independente sobre as circunstâncias do ataque aos imigrantes, para ;garantir que os autores sejam levados à Justiça;, disse o porta-voz Stéphanie Dujarric. ;O secretário-geral reitera seu apelo por um cessar-fogo imediato na Líbia e o retorno a um diálogo político;, completou o funcionário. O pedido de Guterres teve respaldo da União Europeia, da União Africana, dos Estados Unidos, da Turquia e do Catar e foi colocado na pauta do Conselho de Segurança.
;É um crime de guerra alvejar civis dessa maneira;, protestou Brian Castner, especialista em armas que assessora a equipe de crise da Anistia Internacional. ;Por ser um alvo civil, o centro de Tajura deveria ser protegido.; Castner defendeu que o Conselho de Segurança reforce o embargo de armas imposto às forças em combate na Líbia, mergulhada em conflito desde a queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011. ;A razão pela qual essa guerra continua é que ambos os lados ignoram o embargo.;