postado em 05/07/2019 04:21
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), das Nações Unidas, buscava ontem informações sobre o destino de cerca de 80 migrantes que viajavam da Líbia com destino à Europa, em uma embarcação que naufragou na noite de segunda-feira na costa da Tunísia. A tragédia foi relatada por quatro sobreviventes que conseguiram chegar de volta ao litoral tunisiano na quarta-feira. Um deles disse ao diretor local da OIM, Wajdi Ben Mhamed, que foi resgatado em situação extrema.
;Ele tem 20 e poucos anos e é cidadão do Mali. Ainda estava em estado de choque e contou que o barco virou poucas horas depois da partida;, informou o funcionário da ONU. De acordo com o sobrevivente, havia 86 passageiros a bordo. Além da superlotação, movimentos bruscos dos viajantes teriam desestabilizado a embarcação. ;Ele não sabe o que aconteceu com o resto. Todos foram declarados desaparecidos, e há uma alta probabilidade de que tenham se afogado.;
Os quatro sobreviventes, três malianos e um marfinense, foram recolhidos no mar por uma companhia marítima da Tunísia, que foi alertada sobre o naufrágio por pescadores. ;Há temores pela morte de 80 imigrantes, só que mais informações são necessárias para confirmar o que aconteceu e o número exato de pessoas desaparecidas;, escreveu no Twitter Flavio Di Giacomo, porta-voz da OIM.
A tragédia no litoral tunisiano parece confirmar que uma nova onda de imigração ilegal para a Europa se anuncia no Mediterrâneo, aproveitando o período mais favorável do ano para a travessia desde o norte da África. Também ontem, um coletivo italiano de apoio aos migrantes, o Mediterrânea, anunciou ter resgatado 54 viajantes diante da costa da Líbia, antes que eles fossem interceptados e repatriados pelas autoridades líbias.
A Itália, destino preferencial das embarcações que transportam os refugiados, antecipou que não permitirá o desembarque dos migrantes em seus portos. O governo de Roma vem de enfrentar uma crise com o navio Sea-Watch, da ONG alemã de mesmo nome, que forçou passagem para o porto de Lampedusa, na Sicília, com 40 refugiados a bordo. A capitã, a alemã Carola Rackete, 31 anos, foi detida e acusada pela Justiça italiana, mas acabou libertada e deportada.