Agência France-Presse
postado em 05/07/2019 15:38
O presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou, nesta sexta-feira (5), que proibirá o ingresso no Chile de mais de 100 venezuelanos ligados ao governo de Nicolás Maduro, um dia depois de divulgado o relatório da ONU sobre a situação de direitos humanos na Venezuela.
Com base no duro informe sobre Venezuela apresentado em Genebra pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, Piñera anunciou três medidas para enfrentar a crise venezuelana.
"Vamos proibir o ingresso no Chile de mais de 100 pessoas que estão diretamente ligadas à ditadura da Venezuela. São pessoas que são parte do governo venezuelano", disse Piñera, em entrevista coletiva.
Piñera também anunciou que pedirá a Bachelet que entregue "todos os antecedentes e provas que sustentam o relatório ao Tribunal Penal Internacional" e que peça ao Conselho de Direitos Humanos da ONU a "ficar vigilante no tema dos direitos humanos na Venezuela".
O informe da ONU relata o assassinato de milhares de pessoas por parte das forças de segurança e afirma que o exercício das liberdades e dos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão no país sul-americano, são "um risco de represálias e de repressão".
"É um relatório necessário e útil para poder avançar frente aos graves e trágicos problemas que afetam a Venezuela", afirmou Piñera.
O presidente chileno foi um dos mais duros críticos do governo de Maduro, pedindo-lhe que "ponha fim à ditadura" e convoque novas eleições no menor tempo possível. Também reconheceu o líder parlamentar de oposição Juan Guaidó como legítimo presidente da Venezuela.
Com cerca de 400.000 pessoas chegadas nos últimos anos fugindo da grave crise na Venezuela, o Chile é o terceiro maior receptor de venezuelanos na região, atrás de Colômbia e Peru. A comunidade se tornou a maior colônia estrangeira no país, representando 30% da população imigrante.
O governo chileno estima que, até 2020, devem entrar outros 300.000 venezuelanos no país, pondo as autoridades em alerta diante das complicações que esse êxodo em massa pode causar internamente.