Agência Brasil
postado em 05/07/2019 16:31
Um comandante da Guarda Revolucionária do Irã ameaçou apreender um navio do Reino Unido nesta sexta-feira (5), em retaliação depois que fuzileiros navais britânicos capturaram um petroleiro iraniano em Gibraltar.
"Se o Reino Unido não liberar o navio-petroleiro iraniano, é tarefa das autoridades apreender um navio-petroleiro britânico", disse Mohsen Rezai no Twitter.
O governo de Gibraltar disse que os tripulantes do petroleiro Grace 1 estão sendo entrevistados como testemunhas, não suspeitos de crime, na tentativa de se estabelecer a natureza de sua carga e seu destino final.
Fuzileiros navais britânicos desceram de corda no navio, situado no litoral do território britânico na quinta-feira (4), e o apreenderam. Eles pousaram um helicóptero na embarcação em movimento, na escuridão total.
A manobra agrava um confronto entre o Irã e o Ocidente, poucas semanas depois de os Estados Unidos cancelarem ataques aéreos minutos antes do impacto, e arrasta o aliado mais próximo de Washington a uma crise na qual potências europeias têm se esforçado para permanecer neutras.
Teerã convocou o embaixador britânico nessa quinta-feira para expressar "objeção muito forte à apreensão ilegal e inaceitável" de seu navio, uma medida que também eliminou a dúvida sobre a propriedade da embarcação.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Abbas Mousavi, disse que o carregamento de petróleo cru é de seu país. Segundo os documentos do navio, o petróleo é do vizinho Iraque, mas dados de monitoramento a que a Reuters teve acesso indicam que ele foi carregado em um porto iraniano.
Países europeus vêm andando na corda bamba desde o ano passado, quando os Estados Unidos ignoraram seus apelos e se desligaram de um pacto entre o Irã e potências mundiais, que deu a Teerã acesso ao comércio global em troca de limitações em seu programa nuclear.
Nos últimos dois meses, Washington endureceu as sanções contra Teerã, visando a interromper totalmente as exportações de petróleo. Isso praticamente interditou os principais mercados ao Irã e o forçou a encontrar maneiras heterodoxas para vender o petróleo cru.
Ainda nessa quinta-feira, Gibraltar disse ter razões consideráveis para acreditar que o Grace 1 estava transportando petróleo cru para a refinaria de Baniyas, na Síria, mas não mencionou a propriedade da embarcação ou a origem da carga.
Especialistas em navegação dizem que ele pode ter tentado evitar a rota mais direta pelo Canal de Suez, onde um grande petroleiro normalmente seria instruído a descarregar parte de sua carga em um oleoduto para passar, o que poderia deixa-lo exposto a uma apreensão.