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Afronta a acordo preocupa o Ocidente

postado em 09/07/2019 04:05
Hassan Rouhani (E) na usina de Bushehr, em 2015, com Ali Akbar Salehi, chefe do programa nuclear iraniano
O Irã cumpriu o prometido e aumentou, ontem, o enriquecimento de urânio a mais de 4,5%, superior ao limite estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, abandonado pelos EUA no ano passado. A nova violação ao pacto por parte de Teerã causou grande apreensão na comunidade internacional. A União Europeia se declarou extremamente preocupada e fez um apelo para que a República Islâmica reverta a situação. Por telefone, o presidente americano, Donald Trump, conversaram sobre o impasse no programa nuclear iraniano com o colega francês, Emmanuel Macron.

Segundo um comunicado da Casa Branca, os dois líderes ;discutiram os esforços feitos para assegurar que o Irã não obtenha uma arma atômica e para pôr fim ao comportamento desestabilizador do Irã no Oriente Médio;. O país persa, que também ultrapassou o limite de 300kg de reservas de urânio enriquecido este mês, afirma que não há uma violação ao acordo, citando termos que permitiriam um lado abandonar temporariamente alguns compromissos se considerar que a outra parte não respeita sua parte no acordo.

;Hoje (ontem), o grau de pureza do urânio (enriquecido) produzido (pelo Irã) atingiu 4,5%;, indicou a agência de notícias Isna, citando Behruz Kamalvandi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA). ;Esse grau de pureza é perfeitamente suficiente para as necessidades do país em termos de combustível para central nuclear;, acrescentou. Segundo Ali Akbar Vélayati, conselheiro do guia supremo iraniano, as necessidades do país para suas ;atividades (nucleares) pacíficas;, a saber a alimentação de sua única central atômica, correspondem a um enriquecimento de urânio a 5%. O nível alcançado ontem continua muito distante dos 90% necessários para a fabricação de uma bomba atômica.

Diálogo
;Instamos encarecidamente o Irã a parar e reverter todas as atividades que sejam incompatíveis com os compromissos contraídos (no âmbito do acordo nuclear);, reagiu Maja Kocijancic, porta-voz da diplomacia da União Europeia. Dizendo-se ;preocupada;, Moscou defendeu que se negocie com o governo do presidente iraniano, Hassan Rouhani. ;A Rússia espera prosseguir o diálogo e os esforços diplomáticos;, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusando Washington de ser responsável pelas tensões atuais. Pequim denunciou as atitudes americanas como causas das tensões. ;A pressão máxima dos Estados Unidos sobre o Irã é a fonte da crise nuclear iraniana;, afirmou Geng Shuang, do ministério chinês das Relações Exteriores.

Para Mohsen Milani, diretor do Centro para Estudos Estratégicos e Diplomáticos da Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos, com as medidas, o Irã objetiva pressionar as potências europeias ; principalmente Reino Unido, Alemanha e França ; a reduzir o impacto das sanções contra o país. ;A nova política do Irã se baseia na ;resistência ativa; para neutralizar a campanha de ;pressão máxima; contra Teerã;, disse Milani. ;É bastante arriscada, pois aumentará as tensões com o Ocidente;, assinalou.

Sem uma resposta dos europeus, Teerã ameaça romper progressivamente outros compromissos com o acordo a cada 60 dias. As sanções aplicadas pelo governo de Donald Trump ao Irã atingem, sobretudo, o setor petrolífero, maior fonte de renda do país persa. Em 2018, Teerã exportava 2,5 milhões de barris diários ; no mês passado, o número caiu para 300 mil.

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