postado em 10/07/2019 04:21
Corais são animais marinhos tão importantes para a biodiversidade dos oceanos quanto as árvores o são para as florestas. Porém, o aumento progressivo da temperatura, a poluição e a acidificação do pH da água causados pela alta emissão de CO2 na atmosfera ameaçam as espécies, que sofrem efeitos como branqueamento e mesmo a destruição completa de recifes. Para lidar com esse desafio, biólogos costumam propor estratégias de conservação das regiões de águas profundas que, por serem mais frias, poderiam refugiar grandes quantidades de colônias. Contudo, cientistas norte-americanos, britânicos e australianos sugerem que a salvação dos corais está em programas que busquem proteger mesmo aqueles localizados mais perto da superfície e mais adaptados às temperaturas elevadas.
;Em vez de conservar apenas as águas profundas, descobrimos que as melhores estratégias são as que protegem uma grande diversidade de áreas oceânicas;, diz Malin Pinsky, professor do Departamento de Ecologia, Evolução e Recursos Naturais da Universidade de Rutgers e coautor de um artigo publicado na revista Nature Climate Change. ;Os recifes de águas quentes são fontes importantes de corais tolerantes ao calor, enquanto os de regiões frias e intermediárias serão refúgios no futuro, servindo como a escada que os corais deverão descer à medida que a água esquenta.; Pinsky, inclusive, frisa que essa lógica também deveria ser aplicada a esforços de conservação de espécies terrestres, como pássaros.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos afirma que, em todo o mundo, cerca de 500 milhões de pessoas dependem de recifes de corais para alimentação e sustento, com bilhões de dólares por ano impulsionando a economia global. ;Os recifes protegem as costas das tempestades e da erosão, fornecem habitat e ambiente para desova e viveiro de peixes, e, ainda, resultam em renda proveniente de pesca, recreação e turismo, entre outros benefícios;, aponta o pesquisador.
Com cientistas das universidades Washington, Utah, Stanford e Queensland, Pinsky modelou como diferentes estratégias de conservação podem ajudar os recifes de corais a sobreviver às mudanças climáticas. Pesquisas anteriores apontaram quais áreas marinhas deveriam ser protegidas para ajudar esses animais a sobreviver, mas quase todos os estudos ignoraram o fato de que os corais também podem evoluir em resposta ao aumento de temperatura, alega Pinsky.
Futuros refúgios
Os pesquisadores avaliaram uma variedade de estratégias de conservação em potencial, incluindo aquelas voltadas a locais em que as populações de corais existentes parecem ;preadaptadas; às condições futuras, regiões que podem servir de refúgio, áreas com grandes populações de certas espécies, áreas com menos populações e locais escolhidos aleatoriamente. Os modelos em computador mostraram que conservar muitos tipos diferentes de recifes é a melhor opção.
;Os corais enfrentam um desafio nos próximos anos devido ao aquecimento dos oceanos. Mas conservar recifes em geral, sem escolher algum em especial, pode realmente impulsionar a capacidade de eles evoluírem e lidarem com essas mudanças;, diz Pinsky. ;Há força na diversidade, mesmo quando se trata de corais. Precisamos pensar não só em salvar os lugares mais frios, onde os recifes podem sobreviver melhor no futuro, mas também os mais quentes, que já têm espécies resistentes ao calor. Trata-se de proteger uma diversidade de habitats, o que os cientistas não defenderam totalmente antes;, afirma.
Os pesquisadores estão desenvolvendo modelos regionais para testar estratégias de conservação para o Mar do Caribe, o Oceano Pacífico Central e o Triângulo de Coral no Pacífico Ocidental, segundo o cientista. A ideia é entender como as estratégias de conservação mais eficazes diferem de uma região para outra. ;Estamos trabalhando em estreita colaboração com grupos de conservação que aplicarão as diretrizes e descobertas desse estudo à conservação de recifes de corais ao redor do mundo, inclusive no Brasil.;
"Ao conservar recifes em geral, sem escolher algum em especial, pode-se realmente impulsionar a capacidade de eles evoluírem e lidarem com essas mudanças. Há força na diversidade;
Malin Pinsky, professor do Departamento de Ecologia, Evolução e Recursos Naturais da Universidade de Rutgers e coautor do artigo