Agência France-Presse
postado em 11/07/2019 10:48
Navios iranianos tentaram impedir a passagem na quarta-feira à noite de um petroleiro britânico no estreito de Ormuz, afirmou nesta quinta-feira (11) o governo do Reino Unido, poucos dias depois de Londres ter interceptado um petroleiro iraniano em Gibraltar.
"Contra a lei internacional, três navios iranianos tentaram impedir a passagem de uma embarcação comercial, o ;British Heritage;, pelo estreito de Ormuz", afirmou o governo britânico em um comunicado.
A nota explica que a Marinha Real teve que intervir com o deslocamento de uma fragata para ajudar o petroleiro, que pertence ao grupo BP Shipping, filial de transporte de combustíveis da gigante BP.
"O ;HMS Montrose; se viu forçado a posicionar-se entre os navios iranianos e o ;British Heritage; e a emitir uma advertência verbal aos barcos iranianos, que recuaram", completa o texto.
"Estamos preocupados com esta ação e continuaremos pedindo às autoridades iranianas que acalmem a situação na região", prossegue o comunicado.
Sem comentar o incidente, a BP agradeceu a Royal Navy "por seu apoio". "Nossa prioridade absoluta é a segurança de nossas tripulações e de nossos navios", destacou o grupo britânico.
A Guarda Revolucionária iraniana negou ter bloqueado o petroleiro.
"Não aconteceu um confronto nas últimas 24 horas com nenhum navio estrangeiro, incluindo os britânicos", afirma um comunicado publicado por sua agência de notícias, Sepah News, o corpo de elite das Forças Armadas do Irã.
Poucas horas depois, a Guarda Revolucionária fez uma advertência a Estados Unidos e Reino Unido, ao afirmar que os dois países "lamentarão muito" a interceptação por parte da Marinha britânica de um petroleiro da República Islâmica na semana passada na costa de Gibraltar.
;Consequências;
O incidente acontece depois da advertência do presidente iraniano, Hassan Rohani, ameaçou Londres com "consequências" após a interceptação do navio em Gibraltar.
O ;Grace 1; foi interceptado na costa do território britânico, no extremo sul da península Ibérica, após uma operação que o Irã chamou de ato de "pirataria" em alto-mar.
"Recordo aos britânicos: vocês iniciaram esta insegurança e perceberão as consequências mais tarde", declarou Rohani durante um conselho de ministros.
A tensão na região do estreito Ormuz, por onde transita quase um terço do petróleo mundial transportado por via marítima, alcançou o ponto máximo nas últimas semanas com uma espiral de eventos, como os ataques de origem desconhecida contra petroleiros e a destruição de um drone americano pelo Irã.
Teerã, acusada por Washington de provocar atos de sabotagem contra cargueiros, negou qualquer responsabilidade.
Em um clima de elevada tensão entre os países, o governo dos Estados Unidos expressou o desejo de formar uma coalizão marítima internacional para garantir a liberdade de navegação no Golfo.
"Acredito que provavelmente durante as duas ou três próximas semanas determinaremos quais são os países que têm vontade política de respaldar esta iniciativa. Depois vamos trabalhar diretamente com os militares para identificar as capacidades específicas que devem sustentar este projeto", afirmou na terça-feira o general Joseph Dunford, comandante do Estado-Maior do exército americano.
O general, o militar de maior patente nos Estados Unidos, explicou que Washington proporcionaria "o conhecimento e a vigilância do âmbito marítimo".
A Quinta Frota americana tem sede no Bahrein.
A Rússia acusou o governo dos Estados Unidos de tentativa proposital de aumentar as tensões na região do Golfo, onde Moscou afirma temer um "confronto direto".
"Washington tem feito todo o possível para que esta crise, este agravamento, persista", afirmou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, citado pela agência estatal Ria Novosti.
Washington se retirou do acordo internacional assinado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano, ao acusar Teerã de desestabilizar a região.
O governo dos Estados Unidos retomou as duras sanções contra o Irã, especialmente contra as exportações de petróleo, ao mesmo tempo que afirmou que não desejava uma guerra com a República Islâmica.