postado em 12/07/2019 04:23
O encontro começou de forma descontraída, por volta das 15h45 de ontem (16h45 em Brasília). ;Muitos de vocês são amigos, os quais não sei com o que se parecem, mas sei como vocês soam;, declarou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, arrancando gargalhadas do público. ;Vocês estão em um local muito famoso, vocês todos trabalham muito duro e não sei se chamam isso de influência ou de poder, mas, o que quer que seja, estamos na Casa Branca;, acrescentou, ao ser ovacionado. Na plateia, cerca de 250 influenciadores digitais ultraconservadores (veja quadro), entre eles um teórico da conspiração, um criador de memes e um plagiador, além de dois congressistas: a senadora Marsha Blackburn e o deputado Matt Gaetz. A chamada Cúpula da Mídia Social na Casa Branca ocorreu 48 horas depois de a Justiça proibir que Trump bloqueie opositores em seu perfil no Twitter.
O magnata republicano afirmou que cada um dos convidados ; os quais classificou de jornalistas ; ;cumpre um papel vital para os EUA, ao desafiar os guardiões da mídia;. Representantes do Facebook, do Twitter e do Google não foram chamados para a cúpula. Ele acusou os executivos do Google de discriminar a direita e de cometer censura. ;Nós temos um terrível preconceito, temos censura como se ninguém entendesse ou ninguém acreditasse;, comentou. ;Hoje, estou direcionando meu governo a explorar todas as soluções regulatórias e legislativas para proteger os direitos de livre expressão para todos os americanos. Nós esperamos ver mais transparência, mais responsabilidade e mais liberdade.;
O presidente elogiou os influenciadores digitais presentes na Casa Branca por terem contornado a ;bastante corrupta mídia;, de forma ;incrivelmente criativa;. ;Temos falado o quanto a mídia é desonesta, corrupta e falsa;, afirmou Trump. ;Vocês têm muita coragem, e quero agradecer a cada um de vocês pelo que fazem por nossa nação.; Mais cedo, ele também tinha usado o próprio perfil no Twitter para anunciar a pauta da reunião. ;Um grande assunto hoje na Cúpula da Mídia Social na Casa Branca será a tremenda desonestidade, o preconceito, a discriminação e a supressão praticados por certas companhias. Nós não os deixaremos escapar por muito tempo. A mídia fake news estará aí, mas por um período limitado;, escreveu na rede social, onde ele reúne 61,9 milhões de seguidores. ;As fake news não são tão importantes, ou tão poderosas, quanto a mídia social. (...) Quando eu deixar o gabinete em seis, ou talvez 10 ou 14 anos (apenas brincando), elas rapidamente acabarão por falta de credibilidade ou de aprovação do público.;
Truque
Adam Chiara, professor de comunicação da Universidade de Hartford (em West Hatford, Connecticut), afirmou ao Correio que, ao não convidar as plataformas de mídia social para a reunião, Trump demonstra que isso foi um truque, não uma cúpula. ;Parece que o presidente estava mais interessado em produzir manchetes e em ampliar os perfis de personalidades da direita do que trabalhar com os grandes desafios que enfrentamos nas mídias sociais.;
O especialista crê que Trump não pode impor regulações sobre as redes sociais. ;Por se tratarem de companhias privadas, ele precisaria da aprovação de nova legislação. Mais congressistas de ambos os lados têm defendido a mudança de leis para tornar as empresas de mídia social responsáveis por conteúdos mais notórios que aparecem em suas plataformas. No entanto, a legislação não viria facilmente e Trump não seria capaz de fazer muito sem trabalhar com os democratas sobre o tema;, disse Chiara.
Polêmica pergunta
excluída de censo
O presidente americano, Donald Trump, abriu mão de incluir uma polêmica pergunta sobre a cidadania no censo de 2020, depois de uma longa batalha judicial que incluiu um pronunciamento contra a Suprema Corte. ;Vamos buscar novas opções para assegurar uma contagem completa e oportuna da população sem cidadania;, disse o republicano. Nos Estados Unidos, o censo deve ser realizado a cada 10 anos e é fundamental para distribuir US$ 675 bilhões em subvenções e determinar os assentos na Câmara de Representantes. A pergunta sobre a cidadania ; abandonada há 60 anos ; poderia dificultar que 1,6 milhão a 6,5 milhões de imigrantes, a maioria latinos, participassem da pesquisa ou mentissem em suas respostas por medo de serem localizados, especialmente no caso dos ilegais, segundo especialistas do scritório do censo.
Os principais convidados / Quem são os influenciadores digitais da ala conservadora que participaram do encontro de ontem
Marsha Blackburn,
senadora republicana
Em seu primeiro mandato, a congressista do Tennessee tem se revelado crítica contundente das grandes companhias do setor de tecnologia e denunciado uma ;grande censura tecnológica;.
Matt Gaetz,
deputado republicano
Ávido defensor de Trump no Twitter, o político da Flórida deixou o presidente em maus lençóis, ao comentar sobre Michael Cohen, antes que o ex-advogado do magnata testemunhasse no Congresso.
James O;Keefe
Diretor do Projeto Veritas, um grupo que tenta enviar agentes disfarçados para gravar vídeos mostrando viés anticonservador de empresas de tecnologia ou flagrar democratas com
câmera escondida.
Bill Mitchell
Apresentador do programa YourVoice America e considerado o ;mascote não
oficial de Trump no Twitter;. É um dos mais ávidos defensores do presidente
na rede social.
John Matze
CEO do Parler, uma alternativa ao Twitter usado por simpatizantes de Trump. Em maio passado, o site Politico afirmou que a campanha do republicando pretendia criar um perfil de Trump no Parler.
Charlie Kirk
É o responsável pelo Turning Point USA, um grupo de defesa dos direitos dos conservadores. Mantém lista de professores universitários que discriminam estudantes com opiniões conservadoras.
Carpe Donktum
Apelido de um usuário do Twitter que se descreve como ;eternamente sarcástico especializado na
criação de memes para apoiar o presidente Trump;. É acusado
de adulteração de vídeos.
Ryan Fournier
Aos 23 anos, o vice-diretor do grupo Estudantes por Trump, também é um frequente defensor do presidente republicano
no Twitter.