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EUA articulam escolta naval

Ameaça do Irã a navio comercial britânico acirra a tensão em uma das vias marítimas estratégicas para o escoamento de petróleo para o mercado internacional. Teerã nega incidente e insiste na liberação de petroleiro apreendido por Londres

postado em 12/07/2019 04:23
O superpetroleiro iraniano Grace 1, retido pela Marinha britânica em Gibraltar, há uma semana: impasse se soma à crise em torno do acordo nuclear
A notícia de que a Marinha do Irã teria tentado interceptar um navio comercial britânico no Estreito de Ormuz, via de escoamento para o petróleo do Golfo Pérsico, reforçou a decisão dos Estados Unidos de construir uma coalizão internacional para proteger a navegação em meio à crise entre o Ocidente e o regime islâmico. Desde o mês passado, uma série de petroleiros sofreram ataques em águas internacionais, pelos quais Washington acusa Teerã. Na semana passada, um navio iraniano foi apreendido pela Marinha britânica ao largo do território de Gibraltar, sob suspeita de transportar petróleo para a Síria, em violação a sanções impostas pela União Europeia (UE) desde 2011, quando o país entrou em guerra civil.

;Estamos tentando fazer isso para, em conjunto (com países aliados), fornecer escolta militar às remessas comerciais; por via marítima, afirmou o general Mark Milley, indicado pelo presidente Donald Trump para comandar o Estado-Maior Conjunto norte-americano. O oficial antecipou que a operação deve ter início ;nas próximas semanas; e que os EUA se reservam ;um papel crucial; na garantia da livre navegação pelo Golfo.

A tensão voltou a subir depois de Londres denunciar que três barcos iranianos teriam tentado ;impedir a passagem; do navio Bristish Heritage. De acordo com o relato, corroborado por diferentes fontes para meios de comunicação de diversos países, a interceptação do navio comercial foi impedida por uma fragata da Marinha Real. ;O HMS Montrose viu-se forçado a tomar posição entre os barcos iranianos e o Heritage e emitir uma advertência verbal aos iranianos, que deram meia-volta;, diz o comunicado oficial britânico. Segundo a emissora pública BBC, os canhões do Montrose chegaram a ser carregados e apontados para impedir a abordagem do Heritage.

Em sua reação inicial, o governo de Teerã negou a ocorrência de qualquer incidente no Golfo ;nas últimas 24 horas; ; no caso, desde a manhã de quarta-feira. No mesmo dia, porém, o presidente Hassan Rohani, um religioso moderado, reafirmou as ameaças lançadas por outros altos funcionários desde a captura do superpetroleiro Greace 1, em Gibraltar, uma semana antes. De acordo com o chefe de Estado, que deve aguardar a palavra final do líder religioso supremo, o aiatolá Ali Khamenei, em assuntos de política externa e defesa, o Reino Unido enfrentará ;consequências; por uma ação que o regime islâmico classifica como ;um ato de pirataria;, cometido ;sob as ordens dos EUA;.

;Durante as próximas duas ou três semanas, provavelmente, determinaremos quais são os países que têm vontade política para apoiar a iniciativa (a escolta nacional);, explicou o general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior do Exército americano. ;Depois, trabalharemos diretamente com os militares (dos países aliados) para identificar as capacidades específicas que vão sustentar o projeto.; Os EUA mantêm na região do Golfo Pérsico a sua Quinta Frota, com base no Barein.

A escalada de tensão no mar compromete os esforços frenéticos da diplomacia europeia para salvar o acordo firmado por Teerã com seis potências para limitar seu programa nuclear. O presidente Donald Trump, que retirou Washington do tratado há um ano, reimpôs sanções ao Irã, que nas últimas semanas voltou a enriquecer urânio além dos limites com os quais tinha se comprometido. A Rússia, um dos países signatários, voltou ontem a acusar a Casa Branca de ;fazer tudo o possível para que a crise continue se agravando;, disse o porta-voz da chancelaria, Sergei Riabkov.


;Durante as próximas duas ou três semanas, determinaremos quais são os países que têm vontade política para apoiar essa iniciativa;
General Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior do Exército americano

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