Agência Estado
postado em 12/07/2019 08:18
Em um clima de já elevada tensão na região, navios iranianos tentaram impedir a passagem de um petroleiro britânico pelo Estreito de Ormuz. O incidente, que ocorreu na noite de quarta-feira, dia 10, foi confirmado nesta quinta-feira, 11, pelo governo do Reino Unido, poucos dias depois de Londres ter interceptado um petroleiro iraniano em Gibraltar.
O comunicado do governo britânico explica que a Marinha teve de intervir com o deslocamento de uma fragata para ajudar o petroleiro, que pertence ao grupo BP Shipping, filial de transporte de combustíveis da gigante BP. Sem comentar o incidente, a BP agradeceu à Marinha Real "pelo apoio".
A disputa é o capítulo mais recente de um drama de três vias envolvendo Irã, EUA e Europa que ocorre desde o ano passado, quando o presidente americano, Donald Trump, retirou seu país do acordo nuclear de 2015 e restaurou as sanções econômicas a Teerã.
Muitos analistas e diplomatas têm alertado que a cada novo pequeno incidente cresce ainda mais o risco de uma guerra na região, uma das mais explosivas do mundo.
A origem do episódio mais recente está na semana passada, quando forças britânicas interceptaram um cargueiro iraniano na costa de Gibraltar, por suspeitar que ele estaria violando as sanções. O Irã considerou o fato um ato de pirataria.
Alguns oficiais iranianos falaram em retaliação e um oficial da elite da Guarda Revolucionária, Mohsen Rezaei, escreveu no Twitter que, se o petroleiro não fosse liberado, o Irã "teria o dever de tomar medidas recíprocas e capturar um petroleiro britânico".
Nesta quinta-feira, a Guarda Revolucionária iraniana negou ter bloqueado o petroleiro britânico. Poucas horas depois, fez uma advertência a EUA e Reino Unido, afirmando que os dois países "lamentariam muito" a interceptação do petroleiro iraniano na semana passada.
Em resposta ao incidente desta quarta, o Pentágono anunciou que está planejando uma coalizão internacional para escoltar navios comerciais no Golfo Pérsico - o Estreito de Ormuz é uma passagem que fica entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã.
A tensão também se aprofundou nas últimas semanas, desde os ataques de origem desconhecida contra petroleiros na região, razão pela qual os EUA propuseram dar proteção às embarcações que transitam pela passagem, por onde passa quase um terço dos envios marítimos de óleo bruto.
O general Mark Milley - indicado para a chefia do Estado-Maior Conjunto do Pentágono - disse na quinta em uma audiência no Senado que os EUA têm um "papel crucial" para assegurar a liberdade de navegação no Golfo Pérsico.
Militares de alta patente dos EUA já tinham expressado que Washington queria formar uma "coalizão" marítima internacional para garantir a liberdade de navegação. "Provavelmente, nas próximas duas ou três semanas, determinaremos quais serão os países que têm vontade política para apoiar essa iniciativa e depois trabalharemos diretamente com os militares para identificar as capacidades específicas que vão sustentar esse projeto", explicou o general Joseph Dunford, atual chefe de Estado-Maior do Pentágono.
Atualmente, os EUA mantêm posicionada no Bahrein sua Quinta Frota. A escalada das tensões complica os esforços dos europeus para salvar o acordo com o Irã, em um momento em que o Teerã anunciou que aumentou o enriquecimento de urânio para pressionar as negociações.
A Rússia acusou os EUA de tentarem acentuar as tensões na região, onde Moscou diz temer um grave "confronto direto". Nesta quinta, a Casa Branca informou que Trump falou por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, sobre os atos "malignos" do Irã. Os dois conversaram na quarta-feira, mesmo dia em que Trump alertou que poderia aumentar "substancialmente" as sanções contra Teerã. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.