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Escândalo da lagosta derruba ministro

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 17/07/2019 04:05
Após a confirmação em Estrasburgo, a nova chefe executiva da UE cumprimenta a atual titular da diplomacia europeia, Federica Mogherini (D)
O presidente da França, Emmanuel Macron, começa a procurar o terceiro ministro para a pasta da Ecologia desde que tomou posse, em meados de 2017. François de Rugy, que respondia pelo cargo até ontem, renunciou sob o impacto das denúncias de que promoveu lautos jantares com lagosta e champanhe, para grupos seletos de convidados, às custas dos cofres públicos. O ;escândalo da lagosta;, como foi batizado na imprensa francesa, se remete a 2017, quando De Rugy era presidente da Assembleia Nacional.

;Os ataques e o linchamento midiático da minha família me levam a dar um passo atrás;, diz o texto do comunicado oficial da renúncia. ;Os esforços necessários para me defender fazem com que não esteja em condições de assumir de forma serena e eficaz a missão;, admite o demissionário. A mulher de Rugy, Séverine, jornalista da revista de celebridades Gala, está no centro das denúncias, reveladas na semana passada pelo veículo digital Mediapart.

De acordo com a reportagem, era ela quem fazia a lista dos convidados, entre 10 e 30 para cada evento. Pratos refinados de lagosta eram acompanhados de vinhos de excepcional qualidade, selecionados na adega da Assembleia Nacional. Fotos que circularam nas redes sociais mostram o ministro demissionário circulando sorridente entre os convivas, em imagens que alimentaram a revolta dos cidadãos ; desde a virada do ano, a França convive com protestos incessantes contra a situação econômica, em especial dos trabalhadores e dos setores mais desfavorecidos da sociedade.

;A Mediapart me ataca com base em fotos roubadas, fofocas e elementos externos à minha função;, protestou Rugy, que anunciou ter apresentado uma denúncia por difamação contra o periódico digital. A Mediapart revelou também que o ministro empenhou 63 mil euros (cerca de R$ 265 mil) de recursos públicos em reformas no apartamento funcional que ocupava em Paris.

Macron aceitou a ;decisão pessoal; do auxiliar que nomeou para o cargo após a surpreendente renúncia do jornalista e ativista ambiental Nicolas Hulot, que se afastou em agosto de 2018, insatisfeito com a política do governo para a área. Eleito presidente da Assembleia Nacional após a posse de Macron, Rugy saiu das fileiras da legenda Europa Ecologia/Os Verdes para aderir ao novo presidente ; embora tivesse antes jurado lealdade ao socialista Beno;t Hamon. Chamado de ;oportunista profissional; pela deputada esquerdista Clémentine Autain, ele defendeu-se, na época: ;Prefiro a coerência à obediência;.

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