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Toledo preso para extradição

Acusado de ter recebido US$ 20 milhões da empreiteira brasileira Odebrecht, ex-presidente é detido nos Estados Unidos. Também denunciado por crimes de tráfico de influência, conluio e lavagem de dinheiro, ele alega inocência

Correio Braziliense
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postado em 17/07/2019 04:05
Alejandro Toledo durante a campanha presidencial de 2016: ele se declara um
Presidente do Peru entre 2001 e 2006, Alejandro Toledo foi preso ontem, nos Estados Unidos, para fins de extradição a seu país de origem. Toledo é acusado de envolvimento no escândalo de corrupção no caso que ficou conhecido como Lava-Jato peruana. Segundo o Ministério Público, ele teria recebido US$ 20 milhões da empreiteira Odebrecht para que lhe outorgasse a licitação da Rodovia Interoceânica, que liga o Peru ao Brasil.

;O ex-presidente se encontra em sua primeira apresentação às autoridades judiciais americanas, como parte do processo orientado a conseguir seu retorno ao país;, informou o Ministério Público peruano, em sua conta no Twitter. Aos 73 anos, Alejandro Toledo também é acusado de crimes de tráfico de influência, conluio e lavagem de dinheiro em prejuízo ao Estado. Ele alega inocência, afirmando que é um ;perseguido político;.

Defensor do ex-presidente, o advogado Heriberto Benítez esclareceu que a captura de seu cliente, que vive na Califórnia desde que fugiu do Peru, não significa que se tenha aprovado uma extradição, mas que se trata do início do processo. Toledo foi declarado foragido no início de 2017 depois de ter prisão preventiva decretada pela Justiça peruana. Meses antes, havia amargado uma votação pífia na tentativa de voltar à Presidência do país.

Duração
De acordo com o advogado criminalista César Nakazaki, o processo de extradição contra Toledo pode demorar de seis a oito meses ; ;será uma dura batalha legal para o Peru;.

Nos últimos dois anos, ele reiterou que não voltaria ao Peru porque não acredita na honestidade do Judiciário de seu país.

Os indícios contra o ex-presidente, porém, não param de surgir. Em março passado, o empresário peruano-israelense Josef Maiman, amigo de Toledo, assinou um acordo de colaboração com a Justiça e confirmou que a Odebrecht depositou não US$ 20 milhões, mas US$ 35 milhões como propina nas contas do ex-presidente, segundo a imprensa.

O Peru é um dos países mais abalados pelo escândalo de corrupção que envolve a empreiteira brasileira. Além de Alejandro Toledo, as denúncias atingiram em cheio outros três ex-presidentes. Ollanta Humala (2011-2016) chegou a ficar preso preventimante por nove meses e agora responde ao processo em liberdade. Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), por sua vez, renunciou em março de 2018 após as denúncias de corrupção.

O quarto ex-presidente envolvido no escândalo era Alan García, que governou o país por duas vezes (1985-1990 e 2006-2011). Ele cometeu suicídio em abril depois que policiais chegaram a sua residência, em Lima, para detê-lo. A Justiça havia decretado sua prisão preliminar por 10 dias. Dois meses antes, a construtora brasileira havia anunciado um acordo de colaboração com o Peru.

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