Agência France-Presse
postado em 17/07/2019 11:25
As famílias das vítimas do acidente do voo MH17 abatido em 2014 sobre a Ucrânia se reúnem nesta quarta-feira (17), por ocasião do quinto aniversário do desastre para exigir justiça.
O Boeing da Malaysia Airlines, que partiu de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil sobre a área de conflito armado no leste separatista pró-russo da Ucrânia. Os 283 passageiros, incluindo 196 holandeses, e os 15 tripulantes morreram.
Os eventos para marcar o aniversário da tragédia na Holanda e na Malásia ocorrem menos de um mês depois que investigadores internacionais anunciaram o julgamento, em março do ano que vem, de três russos e de um ucraniano acusados de provocar o acidente.
As famílias holandesas em luto se reúnem esta tarde no local do monumento dedicado às vítimas do desastre. O monumento foi inaugurado em 2017, a poucos quilômetros do aeroporto de Amsterdã-Schiphol, de onde decolou o Boeing.
Localizado no Parque Vijhuizen, o memorial é composto por 298 árvores plantadas para cada uma das vítimas, bem como por girassóis cultivados a partir de sementes vindas de campos ucranianos onde os destroços da aeronave foram encontrados.
"Neste lugar único de tristeza, a leitura dos nomes de todas as vítimas volta a ser essencial", disse uma associação de vítimas em um comunicado.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, falará na cerimônia.
Em Kuala Lumpur, um minuto de silêncio será observado às 13h GMT (10h de Brasília) com parentes dos malaios que estavam a bordo.
Página sombria
"Agradecemos pelo apoio internacional aos nossos esforços conjuntos com os países do JIT (equipe de investigadores internacionais) para alcançar a justiça. Vamos continuar", prometeu o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Stef Blok, no Twitter.
"A destruição do MH17 é uma página sombria da nossa história recente. Nunca vamos esquecer as 298 vítimas inocentes", acrescentou.
Os investigadores internacionais liderados pela Holanda determinaram que o voo MH17 foi abatido por um míssil Buk de fabricação soviética, disparado por uma bateria móvel trazida da Rússia. Em maio de 2018, eles anunciaram que o míssil Buk veio da 53; brigada antiaérea russa baseada em Kursk, no sudoeste da Rússia.
Após essas revelações, Holanda e Austrália, país que perdeu 38 cidadãos na tragédia, culparam abertamente a Rússia pela morte de seus concidadãos. Moscou negou veementemente qualquer envolvimento, culpando Kiev.
Os investigadores internacionais anunciaram em 19 de junho que identificaram quatro suspeitos. Eles serão processados pelo Ministério Público holandês por homicídio.
Os russos Serguei Dubinski, Igor Girkin e Oleg Pulatov, bem como o ucraniano Leonid Kharchenko, quatro líderes dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, serão os primeiros no banco dos réus neste caso.
Após o anúncio, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que "não há provas" do envolvimento da Rússia, enquanto o primeiro-ministro da Malásia considerou as acusações "ridículas".