postado em 20/07/2019 04:19
No primeiro dia de um tour por quatro países latino-americanos, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, assumiu ontem o papel de protagonista na abertura da Segunda Conferência Hemisférica contra o Terrorismo, na sede da chancelaria da Argentina, em Buenos Aires. ;Sob liderança do presidente (Donald) Trump, nosso governo fez um esforço para nos comprometermos novamente com nossos parceiros da América Latina. Pensamos que esta é uma nova era. Enfim, estamos de volta à América Latina, e vamos ajudá-los a atacar o terrorismo;, declarou Pompeo, ao lado do chanceler argentino, Jorge Faurie.
Participaram do evento ministros das Relações Exteriores e autoridades de cerca de 20 países, inclusive o Brasil. A primeira reunião aconteceu em Washington, em dezembro passado. A passagem de Pompeo por Buenos Aires coincidiu com o 25; aniversário do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). O enviado de Donald Trump reforçou a acusação contra o Irã e o movimento xiita libanês Hezbollah como responsáveis pelo ataque, que deixou 85 mortos.
Pompeo destacou que o ;Hezbollah tem uma forte presença na América do Sul;. E apontou como temas preocupantes o Irã, o Estado Islâmico e ;a al-Qaeda, que procura se reimpor como vanguarda do terrorismo;.
Ameaça
O secretário norte-americano destacou ainda a decisão do governo argentino de ordenar o congelamento de ativos do movimento xiita libanês e fez um apelo aos demais países latino-americanos para que sigam seu exemplo. ;Parabenizamos a Argentina por ter tomado essa medida, por ter classificado o Hezbollah de terrorista. Frente a uma ameaça mundial é responsabilidade dos países cortar o fluxo de dinheiro;, assinalou, acrescentando: ;A única maneira de enfrentar essa ameaça é com o trabalho conjunto.
Em um tom similar, Jorge Faurie disse que, ;para muitos países, em nossa região, o terrorismo era algo remoto, mas hoje é claramente uma ameaça global;. ;O terrorismo deve ser combatido com ferramentas no âmbito do Estado de direito, mas com muita cooperação internacional;, frisou o chanceler argentino.
Antes de participar da conferência sobre terror, Pompeo esteve na sede da Amia, onde prestou homenagem às vítimas do atentado. Em Washington, foram anunciadas sanções financeiras a Salman Raouf Salman, líder do Hezbollah suspeito de ser o autor intelectual da ação de 1994. O governo Trump também ofereceu uma recompensa no valor de US$ 7 milhões por informações sobre o paradeiro de Salman. Passados 25 anos, ninguém foi julgado, ou condenado, pelo mais sangrento ataque já ocorrido na Argentina, país que conta com a maior comunidade judaica da América Latina ; 300 mil integrantes.
A visita a Buenos Aires também é um sinal de apoio ao presidente Mauricio Macri, que disputará a reeleição em outubro. No momento, as pesquisas mostram uma ligeira vantagem do candidato da oposição Alberto Fernández, em uma chapa compartilhada com a ex-presidente Cristina Kirchner, agora como vice. Na quarta visita à América Latina desde que assumiu a Secretaria de Estado, Pompeu também passará pelo Equador, por El Salvador e pelo México.