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Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 21/07/2019 04:05

Boris Johnson: o favorito populista
Ele fez escola como prefeito de Londres e encarnou uma espécie de variante menos rebuscada do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, que se dizia porta-voz de uma ;direita sem complexo;. Mais do que direitista confesso, Boris Johnson cultivou a imagem de um conservador desbocado, indiferente à censura das ;patrulhas; da correção. Não por acaso, esse político de 55 anos tornou-se o favorito de Donald Trump, que não se furtou a manifestar-lhe apoio nas quedas de braço com a premiê Theresa May, da qual Johnson se tornou o maior desafeto no Partido Conservador. ;Eu sempre gostei do Boris;, reiterou o presidente dos EUA na semana passada. ;É um cara diferente. Não dizem também que eu sou diferente?;

Assim como o amigo americano, o favorito para se tornar o próximo primeiro-ministro britânico despreza os ;bons costumes; políticos ; e, por isso mesmo, faz sucesso com o eleitorado menos abastado e instruído. Na Europa, é visto como o que há de mais próximo, no Reino Unido, da direita populista anti-UE. Não apenas fez campanha pelo Brexit, em 2016, contrariando o então premiê (e líder do partido), David Cameron. Preterido na sucessão, aceitou integrar o governo de Theresa May como titular das Relações Exteriores, mas fez oposição aberta a ela até se retirar do gabinete, há um ano.

Com ou sem Brexit em 31 de outubro, Boris Johnson instalado em Downing Street, a residência oficial do premiê, será sinônimo de polêmica ; em especial com os vizinhos. Recentemente, referiu-se aos franceses como ;uns merdas;. Em termos polidos, um diplomata com longa experiência na UE confirma que o sentimento é recíproco: ;Em Bruxelas, ele é visto simplesmente como um anticristo;. (SQ)

Jeremy Hunt: o azarão boa praça
Ao contrário do adverário na disputa pela liderança do Partido Conservador, o homem que sucedeu Boris Johnson como chanceler do Reino Unido é um exemplar clássico da elite política britânica. Filho de almirante, empresário, presidiu uma associação de estudantes conservadores da conceituada Universidade de Oxford, onde estudou filosofia, economia e ciência política. Aos 52 anos, acumula uma trajetória de 14 anos na Câmara dos Comuns. Respondeu pelo ministério da Saúde entre 2012 e 2018, nos gabinetes chefiados por David Cameron e Theresa May. Deixou a pasta há um ano, como recordista no cargo na hisória do país, para suceder Boris Johnson como chanceler.

Assim como a premiê agora demissionária, Hunt era contra o Brexit até o o referendo de 2016, em que a decisão da maioria pela saída da União Europeia levou à renúncia de Cameron. Afinado com a chefe, o chanceler assumiu como missão do governo conduzir da melhor maneira a separação, jamais sem a conclusão de um acordo com Bruxelas. Mas na disputa com Johnson pela sucessão de May, sempre na condição de azarão, ele passou dos pontos finais para as reticências. Receoso da reação dos correligionários que defendem o ;tudo ou nada;, passou a se omitir sobre a hipótese de novo adiamento no ;divórcio;.

A personalidade afável fez de Jeremy Hunt um político com trânsito fácil na Câmara dos Comuns, seja entre governistas ou opositores. Mas ao preço de ser tido como talvez excessivamente afável para se impor quando necessário. ;As pessoas o veem como gentil demais. Está ótimo para um ministro, mas não para ser o líder de que precisamos nos tempos de hoje;, confessa um colega de bancada que lhe negou apoio na disputa sucessória. (SQ)

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