Mundo

Impeachment volta à pauta

O ex-promotor Robert Mueller apresentará a congressistas, na quarta-feira, "evidências substanciais" de que Trump "é culpado de altos crimes e contravenções", segundo líder da Casa Civil. Democratas esperam mais apoio ao processo de cassação

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/07/2019 04:06
O presidente voltou a atacar congressistas representantes de minorias: declarações levaram a um pedido de cassação, negado na terça

Menos de uma semana depois de deputados norte-americanos rejeitarem a abertura do impeachment do presidente Donald Trump por ofensas a congressistas representantes de minorias, a cassação do republicano volta à pauta. Ontem, o presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes, Jerrold Nadler, declarou que o relatório do ex-promotor especial Robert Mueller apresenta ;evidências substanciais; de que Trump é ;culpado de altos crimes e contravenções;.

Nadler também informou que planeja pedir a Muller que divulgue os fatos, nesta quarta-feira, em uma audiência no Congresso. ;O relatório apresenta evidências muito substanciais de que o presidente é culpado de altos crimes e contravenções e precisamos permitir que Mueller apresente esses fatos para o povo americano e, então, veremos o que fazer depois;, afirmou o presidente do Comitê Judiciário da Casa ao programa Fox News Sunday.

Na quarta, em duas audiências seguidas, democratas devem fazer com que Mueller, diante dos Comitês Judiciário e de Inteligência, foque seu depoimento em exemplos específicos de má conduta do presidente. A intimação do ex-conselheiro do Departamento de Justiça é uma tentativa de conseguir mais apoio a investigações em andamento sobre o presidente e, potencialmente, a abrir procedimentos de impeachment.

No início do ano, Mueller concluiu uma investigação de quase dois anos sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016. Os deputados democratas pediram o início de um inquérito sobre o impeachment contra Donald Trump, como o primeiro passo de um longo processo, mas Nancy Pelosi, a presidente da Câmara, e Nadler, resistiram à pressão de abrir um inquérito.

Segundo o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, a maioria dos americanos não leu o denso relatório de 448 páginas de Mueller. Por isso, a grande expectativa em torno das declarações feitas ontem por Jerrold Nadler. Os comentários são importantes porque evidências de crimes seriam exigidas caso os democratas abram procedimentos de impeachment contra o presidente. ;A administração precisa ser responsabilizada e nenhum presidente pode estar acima da lei;, defendeu o líder da Casa Civil.

A cláusula de impeachment, no artigo II da Constituição americana, exige que o processo de remoção de um presidente começa com uma votação na Câmara dos Deputados. As ofensas que podem causar a cassação do mandato são traição, suborno ou outros ;altos crimes e contravenções;.

Hostilidades continuam

Trump, que se diz alvo de uma ;caça às bruxas;, não comentou as declarações de Jerrold Nadler, mas voltou a atacar as congressistas democratas de origem estrangeira. ;Não creio que as quatro congressistas sejam capazes de amar o nosso país. Deveriam apresentar suas desculpas aos Estados Unidos (e Israel) pelas horríveis e odiosas coisas que disseram. Destruíram o Partido Democrata, mas são pessoas fracas e instáveis que não poderão destruir de maneira nenhuma nossa grande nação;, escreveu no Twitter.

O presidente passou uma semana recebendo críticas pelos ataques às congressistas, a quem aconselhou várias vezes a retornar aos países de onde vieram, embora três delas tenham nascido nos Estados Unidos. Ocasio-Cortez (Nova York), Omar (Minnesota), Pressley (Massachusetts) e Tlaib (Michigan) denunciaram os ataques ;abertamente racistas;. Na terça-feira, em vez de dar início ao processo de impeachment, a Câmara dos Deputados do Congresso, com maioria democrata, adotou uma moção para condenar os comentários de Trump.


"Precisamos permitir que Mueller apresente esses fatos para o povo americano e, então, veremos o que fazer depois"
Jerrold Nadler, presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes


Crítica a manobras de caça venezuelano
Um caça venezuelano se aproximou ;agressivamente; de um avião de inteligência dos Estados Unidos sobre o Mar do Caribe, informaram, ontem, autoridades da Defesa norte-americana, classificando a manobra como ;pouco profissional;. O Comando Sul afirmou que o caça, um SU-30 Flanker, de fabricação russa, decolou na sexta-feira para seguir um EP-3 americano, ;que voava em uma missão no espaço aéreo internacional;, a uma ;distância pouco segura, colocando em perigo a tripulação e a aeronave;. Para o comando, a atitude demonstra o ;apoio militar irresponsável; da Rússia ao ;regime ilegítimo; do presidente Nicolás Maduro.



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação