Agência France-Presse
postado em 22/07/2019 12:29
Os bombeiros anunciaram nesta segunda-feira (22/7) que conseguiram conter 90% de um incêndio ativo desde sábado (20/7) no centro de Portugal, mas temem que as chamas se reavivem nesta região, onde o fogo deixou pelo menos 100 mortos em 2017.[SAIBAMAIS] "O foco de incêndio mais preocupante foi controlado em 90%", declarou o porta-voz da Defesa Civil, comandante Pedro Nunes, em entrevista coletiva.
No distrito de Castelo Branco, mais de cinco aeronaves e 1.200 bombeiros foram mobilizados para extinguir as chamas ainda ativas em um perímetro de 10% da superfície danificada, em áreas de difícil acesso, explicou o responsável pelos serviços de resgate.
"Vamos ser um dia difícil. O vento foi o principal fator deste incêndio", disse o porta-voz da Defesa Civil.
Os ventos atingirão até 35 quilômetros por hora à tarde, e as temperaturas devem chegar a até 39;C, de acordo com as previsões do tempo.
Sete regiões do centro e do sul do país foram declaradas em alerta de fogo forte nesta segunda-feira.
Os incêndios florestais foram declarados no sábado à tarde em três frentes e em zonas de difícil acesso na região de Castelo Branco, 200 quilômetros ao norte de Lisboa.
No começo do domingo, várias localidades foram evacuadas por precaução.
No domingo, o trabalho dos bombeiros se viu dificultado, devido às rajadas de vento que fizeram as chamas recuperarem vigor várias vezes.
Estas regiões montanhosas e cobertas de florestas do centro de Portugal são regularmente vítimas de incêndios, incluindo os mais mortíferos da história do país.
Altamente afetada pelo êxodo rural, esta área é habitada principalmente por pessoas idosas, cujos vilarejos se escondem nas florestas de eucalipto, uma espécie extremamente inflamável, mas muito procurada pela indústria do papel.
Apesar dos riscos, os habitantes locais plantam essas árvores que crescem muito rapidamente e representam uma fonte de renda significativa para essas comunidades.
Campos e pastagens são abandonados, as florestas não são mais cuidadas, e a vegetação rasteira facilita o alastramento do fogo.
Cansaço
O objetivo nesta segunda-feira é "reduzir a reativação de incêndios", disse o porta-voz da Defesa Civil.
Os incêndios deixaram até agora 31 feridos (queimados, ou intoxicados pela fumaça), incluindo oito bombeiros.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que visitou um homem gravemente ferido transferido para um hospital em Lisboa, expressou "sua solidariedade aos bombeiros e à população afetada".
"Infelizmente, o terror voltou. Já estamos fartos", protestou Ricardo Aires, prefeito de Vila de Rei, uma das cidades atingidas pelos incêndios.
A Polícia Judiciária abriu uma investigação para determinar as circunstâncias desses incêndios florestais.
"Como é possível que cinco incêndios de dimensões significativas tenham começado em lugares tão próximos?", questionou o ministro do Interior, Eduardo Cabrita.
Um homem de 55 anos foi preso no domingo, anunciou a Polícia Judiciária.
Ele é suspeito de ter iniciado o incêndio perto de Castelo Branco, embora aparentemente não esteja ligado aos grandes focos declarados no sábado.
Portugal vive sob a memória dos terríveis incêndios de junho e outubro de 2017 no centro do país, que causaram a morte de 114 pessoas no total.
Segundo um estudo do sistema europeu de informação sobre incêndios florestais publicado em maio, mais de 250.00 hectares de floresta foram vítimas de incêndios em toda Europa entre janeiro e abril de 2019.