Agência Estado
postado em 22/07/2019 14:03
Vários membros de uma "rede de espiões" da Agência Central de Inteligência Americana (CIA), composta por 17 pessoas, foram condenados à morte no Irã, informaram nesta segunda-feira, 22, as autoridades iranianas.
Dezessete iranianos foram presos entre março de 2018 e março de 2019 no âmbito de uma operação de desmantelamento, anunciada por Teerã em 18 de junho, de uma "rede de espiões" que atuaria a mando dos Estados Unidos.
"Aqueles que deliberadamente traíram seu país foram entregues à Justiça. Alguns foram condenados à morte e outros a longas penas de prisão", declarou a repórteres o chefe da contraespionagem da Inteligência iraniana, cuja identidade não foi revelada.
Os suspeitos trabalhavam "em setores sensíveis" ou em atividades privadas ligadas a esses setores, disse ele sem dar detalhes. Os suspeitos agiam de forma independente um do outro, acrescentou, sem indicar quantos foram condenados à morte, mas cada um se comunicava com um agente da CIA, e eram empregados em "centros do setor privado sensíveis e vitais" do país, como por exemplo na área nuclear e militar, explicou o agente.
Todos eles recopilavam "informação confidencial" e tinham sido treinados por oficiais da CIA sobre como estabelecer uma comunicação segura entre o interior do Irã e o exterior.
Alguns dos detidos - que, segundo o responsável de antiespionagem, "interagiram com plena honestidade com a Inteligência (iraniana) e comprovaram seu arrependimento" - foram utilizados para conseguir informação dos EUA.
Alguns foram recrutados depois de cair em uma "armadilha" da CIA quando tentavam obter vistos para viajar para os Estados Unidos, de acordo com a autoridade iraniana.
"Eles foram abordados quando faziam seus pedidos de visto, outros já tinham vistos, mas foram pressionados pela CIA no momento da renovação", disse ele.
A Inteligência iraniana também publicou fotografias dos espiões e documentos que foram apreendidos com eles.
Operação contra rede americana
Todos estes novos dados foram revelados depois que, no último dia 17 de junho, o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamjani, anunciou que tinha acabado com uma rede de espionagem cibernética.
Esta rede teve "um papel importante nas operações da CIA em diferentes países", segundo Shamjani, que citou a cooperação com outros países e a detenção de um número de espiões, mas sem oferecer detalhes.
As acusações de espionagem são comuns entre Teerã e Washington, que mantêm uma relação à beira do conflito desde que no ano passado os EUA decidiram retirar-se de forma unilateral do acordo nuclear de 2015 e voltar a impor sanções econômicas ao Irã.
A tensão tem se estendido ao Golfo Pérsico, onde nos últimos meses ocorreram vários ataques a embarcações, a derrubada de drones e a captura, na sexta-feira, de um petroleiro britânico por parte do Irã. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS