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Socialistas tentam maioria na Espanha

Correio Braziliense
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postado em 24/07/2019 04:06
Pedro Sánchez: nova chance amanhã para confirmar um mandato pleno
O presidente de governo (primeiro-ministro) interino da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, joga com as normas do parlamentarismo espanhol na tentativa de confirmar, amanhã, um mandato ;completo; no cargo. Vitorioso com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) na eleição legislativa de maio, mas sem maioria absoluta, Sánchez fracassou ontem na tentativa de obter o aval das Cortes (parlamento) para compor um gabinete ; precisava da maioria absoluta, ou metade dos 350 votos mais um. Na segunda votação, bastará a maioria relativa, com mais votos ;sim; do que ;não;, mas o premiê dependerá do apoio da legenda de esquerda radical Podemos.

Com apenas 124 votos contra 170, mais 52 abstenções, Sánchez ficou muito aquém dos 176 votos necessários para ser confirmado ontem. Além da própria bancada, teve apoio apenas de um deputado eleito por um partido regional. Amanhã, precisará atrair o Podemos e, possivelmente, nacionalistas catalães e outras legendas locais para, ao menos, conseguir compor um governo de coalizão de esquerda ; que seria o primeiro desde 1936, quando irrompeu a guerra civil vencida em 1939 pela falange direitista do general Francisco Franco.

O PSOE e o Podemos iniciaram negociações na sexta-feira, mas o fim dos debates de ontem deixou em aberto as chances de algum acordo. Sánchez e Iglesias se enfrentaram em público sobre o eventual papel da legenda esquerdista em seu governo. O líder radical encerrou seu pronunciamento no plenário lembrando que o socialista ;jamais; presidirá um gabinete sem uma coalizão. A deputada Ione Belarra, do Podemos, foi mais longe e acenou com o ;não; na votação de amanhã ; ontem, a bancada se absteve. ;No momento, somos a favor do não;, afirmou. ;O que eles nos propõem é um simples papel de figuração.;

A esquerda radical acusa o PSOE de recussar a ela qualquer ministério ou posto relevante, como seriam os ministérios de Trabalho, Finanças, Transição Ecológica ou Igualdade. Mas, além de convencer o Podermos, Sánchez tem a difícil tarefa de atrair ao menos parte dos votos da bancada nacionalista da Catalunha. A missão se apresenta complicarda pela rejeição explícita do premiê interino e de seu partido a qualquer negociação em torno da independência da região, depois da crise vivida no segundo semestre de 2018 ; que abriu caminho para uma moção de desconfiança pela qual o líder socialista derrubou o governo conservador de Mariano Rajoy e assumiu à frente de um governo minoritário, com tolerância do Podemos e dos partidos regionais.

O separatista catalão Gabriel Rufian, que se absteve ontem, acusou Sánchez de ter sido ;irresponsável e negligente; nas negociações iniciais. ;Não dêem como certa a nossa abstenção (na votação de amanhã). Você tem 48 horas para entrar em acordo; com a esquerda radical), advertiu. Rufian censurou o premiê interino por mal ter mencionado, em seu discurso político, a questão da Catalunha.


Pedro Sánchez, como a bancada socialista, é firmemente contrário à principal exigência dos separatistas, que demandam a convocação de um referendo sobre a autodeterminação da região.

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