postado em 26/07/2019 04:06
Paris, França, e Lingen, Alemanha: 42,6 graus Celsius; Kleine-Brogel e Li;ge, Bélgica: 40,6; Gilze Rijen, Holanda: 40,7. Em várias cidades da Europa, os termômetros atingiram, ontem, picos históricos. A onda de calor sem precedentes desde o início dos registros meteorológicos, em 1880, mudou a rotina dos cidadãos de 12 países e levou governos a tomarem medidas emergenciais, como a distribuição de água e a declaração de alerta vermelho (o mais grave em uma escala de quatro) em 20 departamentos (estados) do norte da França até as 7h de amanhã (hora local). ;Com um calor dessa intensidade, precisamos tentar nos resfriar com banhos e o risco de afogamento aumenta consideravelmente. Apelamos por extrema vigilância;, escreveu no Twitter o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.
;Está sofrível. Os franceses estão literalmente derretendo, parece que estamos sendo cozidos;, afirmou ao Correio o carioca Rafael Gomes, 33 anos, que há três meses mora em Paris e trabalha com instalação de antenas. ;Nunca senti calor assim nem no Rio de Janeiro. As pessoas recorrem a um aerossol para refrescar. À noite, a temperatura foi de 33 graus. Os trens e ônibus estão extremamente quentes, pois o ar-condicionado não consegue trabalhar.; Gomes foi até Trocadéro e relatou que o espelho d;água em frente à Torre Eiffel ficou tomado por turistas, que buscavam se refrescar.
;O inferno deve estar mais frio, está perdendo feio;, brincou a paranaense Thainara Cristina Martins Sander, 23 anos, que mora em Pontault-Combault (a 35 minutos de trem de Paris) e trabalha com faxina na capital francesa. ;A França não está preparada para o calor. Está muito quente, insuportável. Todo mundo com roupas frescas e com água na bolsa. Pelas feições, as pessoas estão odiando o calor;, disse à reportagem. A última vez que Paris enfrentou temperaturas superiores aos 40 graus foi há 72 anos. Também em Paris, o mineiro de Unaí Rosivan Morais dos Santos Gonçalvez, 29 anos, afirmou que retornava para casa, ao fim do expediente, quando viu uma senhora não suportar o calor e desmaiar no interior do trem. ;Nesse caso, a linha para por até 30 minutos, e os bombeiros fazem o atendimento. Isso causa um enorme transtorno, por conta do atraso;, explicou o agente de manutenção e repórter fotográfico.
Mortes
Em Lingen, na Baixa Saxônia, o calor de 42,6 graus também levou muitos alemães a recorrerem aos espelhos d;água e aos pequenos lagos, nas imediações da cidade de 54 mil habitantes. ;As pessoas tiveram de trabalhar hoje (ontem) e estavam um pouco mais lentas. Tiveram de beber muita água ou chá. A maioria dos moradores ficou dentro de casa ou buscou uma sombra;, contou ao Correio a aposentada Andrea Hartmann, 53. ;Eu me senti muito grogue e dormi após o almoço.; De acordo com a agência de notícias France-Presse, as autoridades da cidade de Herne, no oeste da Alemanha, decidiram remover todos os peixes de lagos da cidade para o Rio Reno, uma estratégia para responder à redução na quantidade de oxigênio na água. Foram registradas quatro mortes por afogamento entre banhistas nos lagos e rios do país. Na Áustria, onde a temperatura chegou a 38 graus, um menino de 3 anos morreu depois de ser encontrado dentro de um carro estacionado, na última segunda-feira.
Segundo meteorologistas, a onda de calor é provocada por um fenômeno conhecido como ;bloqueio do tipo ômega;, uma área de alta pressão que permanece estagnada em um único lugar por longos períodos. O vento extremamente quente procedente do Deserto do Saara, no norte da África, fica preso sob uma espécie de domo criado por esse bloqueio. Durante a onda de calor de 2003, pelo menos 15 mil pessoas morreram na França.